Tudo bem. Apesar das trapalhadas dos últimos dias, as eleições foram calmas e os resultados mais ou menos previstos: a queda de Dilma e a subida de Marina. Mais uma semana e ela poderia entrar no segundo turno.
O fato mais importante, que realmente influiu no resultado, aconteceu bem antes: os escândalos na Casa Civil. Nem mesmo a taxa de aprovação de Lula aguentou a barra e ele não conseguiu fazer o que esperava: ganhar a eleição no primeiro turno.
Livrou-se de alguns adversários históricos no Congresso, mas não desbancou a tucanada que pousou em Minas Gerais.
Curioso como as mulheres se destacaram para o mais ou para menos no episódio eleitoral: Dilma, Marina e a consorte do Roriz, que trocou as prendas domésticas por outro tipo de prendas.
Isso sem falar no fantasma de outra mulher, Erenice Guerra, cujo espírito pairou sobre o eleitorado que, inicialmente, pretendia seguir outro fantasma: os mais de 80% de popularidade do presidente da República.
Outro fenômeno, mais ou menos esperado, foi a formidável votação de Tiririca. Fui consultar o dicionário (coisa raríssima para os meus lados), para saber do que se trata. É uma erva daninha e, entre outros, tem significados simbólicos, como “gatuno, batedor de carteira, zangado, irritado, furioso” (Koogan/ Houaiss).
Certamente, o novo deputado federal por São Paulo não é gatuno nem batedor de carteira, nem deve ser zangado, irritado e furioso, pois se trata de um palhaço, cujo ofício tradicional é distrair os outros.
Mas, se houve alguém que ficou zangado, irritado e furioso foi Lula, que cancelou a nutrida agenda internacional deste mês de outubro para, de corpo presente, garantir a vitória de sua candidata no segundo turno.
Jornal do Commercio (RJ), 5/10/2010