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Livrai-nos da tentação

 

Andando pelo Jardim do Eden, Adão e Eva avistavam constantemente a Árvore do Conhecimento do Bem e do Mal e seus tentadores, mas proibidos, frutos. Desta maneira, não foi difícil para a serpente induzi-los à transgressão. Será que o mesmo aconteceria se a árvore estivesse a quilômetros de distância, exigindo do primeiro homem e da primeira mulher um longo deslocamento, quem sabe uma viagem? Talvez não. Parafraseando a conhecida expressão, longe dos olhos, longe do estômago. Todo mundo sabe que um refrigerador cheio de coisas apetitosas não perde para fruto proibido algum em matéria de tentação. E o mesmo se pode dizer de um prato cheio. Expressão que, aliás, tem dois sentidos: de um lado significa fartura, abundância; de outro é um apelo à malícia, à safadeza.


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Mas não só refrigeradores ou pratos se constituem em fonte de tentação, como mostra um recentíssimo estudo feito por pesquisadores da Universidade de Buffalo, Estados Unidos, abrangendo 172 mulheres e relacionando a massa corporal delas com o ambiente em que viviam. Mulheres que moravam perto de restaurantes, de lanchonetes e de lojas de conveniência tinham massa corporal maior do que as mulheres que residiam em lugares próximos a “grocery stores”, as nossas populares fruteiras. O trabalho não é definitivo, porque os autores não foram adiante, pesquisando a relação dos hábitos alimentares daquelas pessoas com a frequência aos estabelecimentos mencionados. Mas não é difícil imaginar que o alimento de fruteiras seja mais saudável do que salgadinhos e guloseimas. Fica aí um tema para reflexão: precisamos pensar na maneira como nos aproximamos da comida. Isto condiciona o nosso jeito de comer.


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Uma coisa que já começa na infância. Uma pesquisa realizada na Universidade de Cornell mostrou-o: crianças em idade pré-escolar cujos pais insistiam para que “limpassem o prato”, tinham a tendência a comer maiores porções não só de alimento, mas do chamado “junk food”, os antes mencionados salgadinhos e guloseimas, altamente calóricos. Conclusão: é importante tomar conhecimento do ambiente alimentar, seja em casa, seja nos lugares que frequentamos. Inclusive para que nos livremos da tentação calórica.


Zero Hora (RS), 10/7/2010