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Língua e unidade

 

Qualquer que seja o curso a ser seguido por nossos alunos (ou mesmo na efetivação de concursos públicos), o conhecimento da língua portuguesa é essencial, com a mescla dos conteúdos de morfologia e sintaxe. Conhecer os valores semânticos é indispensável para o correto exercício profissional e também para a comunicação e expressão do nosso idioma.

Sabe-se que há dificuldades no cumprimento das obrigações de interpretação de textos, como se exige nas provas, e isso é consequência dos nossos crônicos dé-ficits de leitura. Por isso mesmo, qualquer que seja o caminho adotado para a valorização da educação brasileira, o conhecimento da língua portuguesa é vital, estratégico mesmo. Não há currículo em nossas escolas que deixe de priorizar os estudos de português, que é a matéria mais bem servida de horas/aula.

Conhecer mais profundamente a língua portuguesa não deixa de ser, igualmente, um exercício patriótico. Como compreender os textos de Machado de Assis, por exemplo, sem o adequado domínio da nossa língua? Devemos conhecer as suas origens, os seus caminhos e os riscos que pairam sobre o seu futuro, com o excesso de oferta eletrônica descontrolada.

A Política Nacional de Educação, mesmo sem estar nitidamente explicitada, pede cuidados especiais com o nosso idioma e o conhecimento de todos os pormenores que o cercam. O mesmo pode ser afirmado em relação ao futuro Plano Nacional de Educação, que é para vigorar até o ano de 2020.

O Brasil vive hoje um período de grande enriquecimento do que chamamos de avaliação. Demorou muito tempo para que adquiríssemos o real significado do que isso expressa, em termos de busca da qualidade. Se não conhecemos as nossas deficiências, como melhorar de conduta? No caso dos cuidados com a língua pátria, sempre existe uma palavra de incentivo para que ela se aperfeiçoe. Vamos reparar que, nos currículos propostos, o espaço da língua portuguesa é praticamente sagrado, não devendo se reduzir em proveito de qualquer outra disciplina. Não existe nada mais importante.

Sabe-se que a língua é um fator fundamental da unidade nacional, base da cultura de um povo. Pode-se argumentar com o festival de línguas em certos países europeus, onde essa unidade fica prejudicada, embora cada povo lute pela preservação da sua língua como fator de independência e identidade popular. Temos a sorte e o destino de possuir uma só e poderosa língua de cultura. Há que se cuidar dela com todo carinho, valorizando os seus professores, escritores e todos os que sobre ela se debruçam. É uma forma de fortalecer a nossa cultura.

A Gazeta (ES), 4/3/2014