Li, quando foi lançado, um livro interessante sobre Jorge Amado. De autoria de Hana Gooldstein. O Brasil, best selller de Jorge Amado chama a atenção do leitor para o interesse de Jorge Amado em focalizar o Brasil, só o Brasil, em todos os seus livros, que foram numerosos durante a sua gloriosa carreira de escritor e acadêmico. Jorge Amado foi prolífico e criou tipos que ficaram na memória de seus leitores, como Gabriela, os "turcos", pelos quais demonstrava simpatia, e outros.
Quem não se lembra, tendo lido o livro, de Quincas Berro d'água? Todos nós, que gostávamos dos romances do autor. Não foi Prêmio Nobel, como poderia ter sido. Um descuido da Academia da Suécia, a surpreendente Academia da Suécia, como acaba de ficar demonstrado com a premiação de Elfriede Jelinek, autora de poucas obras e, assim mesmo, não muito acima da mediocridade. Jorge Amado não foi escolhido durante sua longa vida, pois a Academia Sueca não conhece o Brasil e os brasileiros.
Esse é um segredo que deveria ser pesquisado por algum paciente decifrador de códigos, atitudes, decisões e escolhas, principalmente de prêmios como o Nobel, que faz o premiado abiscoitar mais de um milhão de dólares, ou três milhões de reais, quantia que não faz mal a ninguém, muito pelo contrário, é dessas que ajudam a viver melhor, a várias providências na casa, à compra de um carro novo, até mesmo Jaguar, que é carro só para ricos e bem ricos.
Mas essas divagações ajudam-me a lembrar de Jorge Amado na Academia, principalmente, na saudação de ingressantes, o que fazia com engenho e arte de escritor acostumado ao seu mister. Lembro-me dele, sim, me lembro com saudade de sua simpática figura, de sua prosa colorida, e seus filhos literários, de tudo me lembro muito bem, pois o li desde quando ainda morava em Rio Claro. Mas a personagem que agora está me vindo à lembrança é o romance Dona Flor e seus dois maridos , o romance e o filme.
Diário do Comércio (São Paulo) 20/10/2004