Empurro o portão, o porteiro me estende o gel.
Toco o botão do elevador, há um gel pendurado no quadro de avisos.
Entro em casa, alguém corre: lave as mãos, passe o gel.
Apanho jornal e leio, me mandam lavar as mãos.
Vou ao terracinho, colho folhas amareladas, chegam com gel: Cuidado, o vírus vem pelo ar.
Fecho a janela, lavo as mãos, o vírus pode ter aderido aos caixilhos.
Atendo o telefone, alguém grita: não pegue no aparelho antes que eu passe gel.
Fiz uma estatística . Durante todo o dia, lavei as mãos e passei gel, sessenta e três vezes. Espero sobreviver. Talvez as mãos gastem. Mas estarei vivo.
Portal da ABL, 30/03/2020