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Juros nas alturas

 

Temos cinco Copas do Mundo de futebol. É um de nossos títulos de glória no mundo. E temos, paralelamente, outro título de glória: estabelecemos os mais altos juros do planeta, um verdadeiro tsunami, para evitar o retorno da inflação.


Essa fórmula, já aviada desde o Plano Real, continua a prevalecer no Brasil, sem que se vislumbre no lusco-fusco do horizonte uma solução para o problema, uma solução satisfatória. As autoridades econômico-financeiras já não sabem o que fazer.


Com esses juros nas alturas, e alturas quase inacessíveis pelos que devem suportar o peso do montante, o cliente dos supermercados, dos shopping centers e, ainda, dos mercadinhos de bairro, de beira de estrada e das pequeninas cidades do interior que não comportam os grande estabelecimentos.


A maldita inflação, justificativa dos juros altos, age no varejo, ao qual todos vão, como os murídeos que roem as peças mais duras de uma residência, sem que se encontre um meio de acabar com eles. Assim é a inflação.


Numa área onde proliferam os doutores em economia, portadores de diplomas honrosos, como os de Harvard, Princepton, Cornell e outras universidades americanas, como justificarão os canudos com os quais devem arcar no Brasil? Está aí uma questão que deve ter resposta. Todos sabemos que o dr. Palocci e o doutor Meirelles e os demais doutores que formam a população da área econômico-financeira querem decifrar o problema da dependência da inflação aos juros, e não a encontram.


Não fiquemos numa hipótese simplória. Já estamos habituados com os juros altos e com o pouco de inflação, que favoreceu tanto o comércio exterior do Brasil, e mais habituados estamos com a dança dos preços nos estabelecimentos que vendem as mercadorias das quais temos necessidade. Não nos amedontramos, nem queremos a saída de Palocci, Meirelles e os demais doutores.


Queremos que se esforcem para encontrar soluções razoáveis para uma situação que vem sem forças para continuar agindo. Continuemos a contar com os responsáveis pela área, sem mudança, no próximo futuro de Lula presidente.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 27/01/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 27/01/2005