O Jornal Nacional da TV Globo está comemorando os seus primeiros 50 anos de vida. Lembramos bem de sua origem, pelas mãos e o talento do acreano Armando Nogueira, cujo começo de carreira se deu na redação da revista Manchete, ao lado de nomes consagrados, como Fernando Sabino e Otto Lara Resende. Nesse início, demos também os primeiros passos na editora Bloch, para trabalhar com Augusto Rodrigues na confecção da Manchete Esportiva (1955). Era comum encontrar esses ases do jornalismo na redação da rua Frei Caneca nº 511.
O Jornal Nacional nasceu em 1º de setembro de 1969. Nesse mesmo ano o homem pisou pela primeira vez em solo lunar. A TV Globo naturalmente deu uma grande cobertura a esse fato, com a voz insuperável de Cid Moreira. Fomos convidados para explicar o significado dessa conquista. Na época, ocupávamos o posto de Secretário de Estado de Ciência e Tecnologia da Guanabara e tivemos essa honra. Foi também um marco da nossa carreira jornalística.
A primeira edição mostrou que o país, na época em pleno regime militar, vivia a expectativa de uma mudança política importante: com a doença do então presidente Costa e Silva, uma junta militar se preparava para assumir. O programa também apresentou o gol de Pelé contra o Paraguai, que classificou o Brasil para a Copa de 70, a morte da lenda do boxe mundial Rocky Marciano e as obras de alargamento da Praia de Copacabana.
Depois de Armando Nogueira, outros destacados homens de imprensa ocuparam a direção do Jornal Nacional: Alberico Souza Cruz, que foi diretor da sucursal da Manchete em Belo Horizonte, Evandro Carlos de Andrade, que veio do jornal O Globo, com um grande prestígio que lhe foi dado pelo Dr. Roberto Marinho, e assim pôde fazer alterações essenciais, e Ali Kamel, quando a dupla William Bonner e Renata Vasconcelos se consolidou como apresentadores. Aliás, não podemos esquecer outros nomes que também ocuparam a bancada com brilhantismo, como Hilton Gomes (que comandou a primeira edição do JN com Cid Moreira), Fátima Bernardes, Sérgio Chapelin, Celso Freitas, Lillian Witte Fibe, Patrícia Poeta e Carlos Nascimento.
Nas suas cinco décadas de existência, o Jornal Nacional tem procurado sempre acompanhar os avanços da tecnologia. Para se ter uma ideia dessa constante busca pela modernidade, há dois anos a geração do programa deixou de ser no mezanino da redação, e ganhou uma newsroom edificada especialmente para a edição do telejornal. Em formato circular, a nova configuração reúne apresentadores, editores, repórteres, produtores e os demais profissionais envolvidos, permitindo uma perfeita interação deles. É possível ver, durante a transmissão, o lindo passeio das câmeras e gruas, controladas remotamente, provocando um efeito visual muito bonito, o que reforça a qualidade do jornalismo da emissora, que está muito à frente do que é feito em muitos países desenvolvidos.
Considerado o principal telejornal do país, o JN tem colecionado prêmios no decorrer dos anos: Esso, APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), Líbero Badaró, Imprensa, Vladmir Herzog, Intramericano de Jornalismo Ambiental, Embratel, Confederação Nacional dos Transportes, Ayrton Senna de Jornalismo, Barbosa Lima Sobrinho, Rei de Espanha, Unesco, Comunique-se e outros. Em nível internacional, faturou também o Prêmio Emmy Internacional, pela cobertura das operações policiais na Vila Cruzeiro e no Complexo do Alemão, e o New York Festivals Awards, pelo novo cenário. Vida longa ao Jornal Nacional!
Tribuna de Petrópolis, 29/01/2020