Uma borboleta bate as asas na Tailândia. Na mesma hora, um furacão destrói metade da Flórida, derruba o Cristo Redentor do alto do Corcovado e o papa reinante morre de indigestão em Roma. Independentemente da história e da filosofia, os trancos da vida, os abrolhos do destino me fizeram jornalista contra a vontade e sem qualquer habilidade para a função.
Exemplo melhor não posso dar: com tantos assuntos dando sopa, desde os bilhões de dólares que roubaram da Petrobras na compra da refinaria Abreu e Lima, em Pernambuco, sem falar no desgraçado calor, laboratório que nos prepara para o calor do inferno, que deve ter clima mais ameno.
Com tantos assuntos e tão nefasta premonição, não deveria estar lembrando as borboletas da Tailândia. Reconheço, pode até parecer um desrespeito aos leitores e à imprensa em geral, de Gutenberg para cá.
Acontece que os assuntos acima citados estão em todos os veículos da mídia em geral, incluindo a internet e –segundo Nelson Rodrigues– em todos os botequins e velórios.
As aberrações que caíram sobre nossos ombros e cabeças não podem ser atribuídas às borboletas da Tailândia ou das nossas verdes matas –se é que nossas verdes matas ainda têm borboletas.
Tirando o calor e os sete a um da última Copa, todos os males que nos aporrinham e, em alguns casos, nos envergonham, devem ser dos 39 ministros e da base aliada, incluindo a Joana D'Arc do Planalto, que deve ter ouvido vozes pedindo que ela salve o país.
Em tempo: que dona Dilma não deixe tirar água do nosso doméstico Paraíba para salvar São Paulo, que tem o caudaloso Tietê para emergências. E impeça que o Fluminense venda o Fred, nosso maior artilheiro. Vender por vender, que se vendam os ladrões da Petrobras. E a turma do mensalão.