Há formas distintas de entrar e sair da matemática. Um atalho viável parte do intuicionismo. Com a recusa de padrões excessivos e formas simbólicas. A crítica ao terceiro excluído é um trunfo da escola. E, de certo modo, o calcanhar de Aquiles.
A matemática é a mesma para todos. Já a conquista das almas X da questão. Não descobrir o processo, mas construí-lo. Um novo Mênon de Platão, deslocado momentaneamente do mundo das ideias.
O intuicionismo começa de forma peregrina, com Dedekind e Poincaré, para crescer, em gestos recursivos, com Brouwer e Heyting.
Brouwer e a mística luterana. Sujeito. Mundo interno. Monadologia. A representação de Schopenhauer. E haveria mais para sedimentar as bases mistas do intuicionismo.
Foi Heyting quem propiciou a sintonia fina da escola, com o aporte da fenomenologia de Husserl: a comunicação intersubjetiva, para não romper o vínculo entre a linguagem da matemática e seus dialetos.
O intuicionismo segue aberto e incompleto. Frutiferamente avariado. Como as janelas de Edward Hopper, sem a mesma densidade. Talvez um quadro partido ao meio, longe da ideia de infinito.
O ambiente operativo torna-se bem circunscrito. Mais crítica local do que sistema. Uma ressaca de ondas brancas e espumosas nas bordas da matemática, arrasta para o mar os números naturais.
Brouwer coleciona destroços e sequelas. Reluzem de beleza, desligadas, quase sempre, de um todo prismático.
Aventura cheia de risco e fascínio. Ainda nos primeiros passos. Capítulo primeiro, longa estrada.
Apenas o perfume, sem que se possa vislumbrar o fruto de que promana a sensação