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Grupo controla compra de medicamentos no ministério

 

Os depoimentos de servidores da Saúde na CPI da COVID mostram como o ministério é dividido em feudos que não se falam, onde cada um cuida de seu negócio e ninguém cuida do geral. Com esse esquema, a chance de haver corrupção é grande, porque ninguém se responsabiliza pelo que já foi feito ou pelo será feito. Todos querem saber apenas de seu nicho, onde não se pode errar. O exemplo de hoje é típico: Anos atrás, Roberto Dias punira a empresa Global, por não ter cumprido um contrato de 21 milhões de dólares.  E foi incapaz de relatar esse fato quando recebeu a proposta de compra de vacinas da empresa Precisa, cujo controle é exercido pela Global. Simplesmente porque ele não tem responsabilidade sobre isso, como alegou em seu depoimento. Como uma pessoa como o cabo Dominguetti, que não sabe se expressar, escreve errado, vai fazer um negócio de 1,5 bilhão de reais? A troco de que ele tem acesso à segunda pessoa na hierarquia do ministério da Saúde? Por essas e outras não tivemos vacinas no tempo certo. As negociações sérias não encontraram caminhos no ministério porque certamente, tudo leva a crer, está montado lá dentro  um grupo que controla as compras de medicamentos. E o mais grave é que nesse grupo estão muitos militares, de todas as patentes. Teoricamente, o general Pazuello chamou-os, todos sérios, responsáveis e treinados para ajudar a Pátria, para controlar a situação e acontece tudo isso. O processo de vacinação foi atrasado em meses, por causa dessa estrutura montada dentro do ministério, onde parece que até hoje o deputado Ricardo Barros tem influência.

É de se imaginar que esse esquema aconteça também em outros ministérios, pois é uma maneira de organização que não é única, nem pessoal do ministro. Os depoimentos estão dando a visão de como a burocracia brasileira favorece a corrupção.

O Globo, 07/07/2021