O Japão está deixando sepultada no passado a cachação aplicada à sua economia por uma crise inesperada e indesejada. Consideram os comentaristas das suas conjunturas que o pesadelo de alguns anos se dissolveu como fumaça, deixando, embora, lições a serem observadas e eventualmente seguidas.
O Japão tem uma disciplina de ferro que beneficia enormemente as suas constituições políticas e econômico-sociais. Foi esse quesito de sua realidade societária que o salvou várias vezes e, sobretudo, na última crise. A influente revista The Economist dedicou extenso e bem feito estudo sobre a atualidade japonesa, dando-lhe um título com um jogo de palavras, este: O sol também se eleva , quer dizer, no país do sol nascente o sol astro também se eleva, o que calha muito bem na língua inglesa, pobre em Calembur.
Depois da crise o Japão emerge, como sempre tem sido em várias fases de sua história. Uma grande potência conduzida na História por uma monarquia tradicional, que vem na noite dos tempos e tem raízes profundas nos usos e costumes do arquipélago. O trabalho da revista inglesa mostra um Japão perfeitamente integrado ao século atual, mas ainda obediente às suas milenares tradições, que o defendem das tentações ocidentais.
O Japão assenta a sua economia em um capitalismo seu, tipicamente nacional. Estendeu pelo mundo a sua impetuosa ação conquistadora de mercados, que se tornaram fontes da excelente balança comercial. Evidentemente, é um modelo exclusivo que não pode ser adaptado por outro país, mesmo porque o capitalismo com adjetivo tem numerosos exemplos nesse dinâmico Século XXI.
Esse grande povo dá lições de abnegação, estoicismo, paciência, que lhe são característicos, e sobretudo de fantástica operatividade.
Diário do Comércio (São Paulo) 24/10/2005
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