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Governo não cita Hamas

 

É muito difícil que o Brasil tenha algum tipo de influência em negociações no Oriente Médio ou mesmo na guerra da Rússia contra a Ucrânia, porque tem uma geopolítica completamente distinta, não tem a importância que outros países têm. Mas o Brasil tem outro problema - que acho que não vai se repetir na ONU, mas se repete nas notas do governo que evitam criticar o Hamas. É complicado, porque o Brasil tem uma relação com o Irã cultivada pelos governos do PT há muitos anos. Já tentou intermediar negociações de enriquecimento de urânio entre Irã e EUA, mas não conseguiu porque, além de não ser importante geopoliticamente naquela região, tinha tendência a apoiar o Irã. Então, não foi adiante. De qualquer maneira, o fato de não querer criticar o Hamas - não é só o Brasil, são países de esquerda em geral, não querer denunciar uma atividade terrorista do grupo é uma atitude que faz com que não tenha isenção para atuar na área. O governo brasileiro tem essa dificuldade - critica os atos terroristas, apoia Israel, mas sempre coloca a questão da ocupação e do controle da Faixa de Gaza como um impeditivo para um acordo e quase que uma justificativa para a ação do Hamas, que é injustificada. Ninguém discute o direito a um Estado - é preciso uma solução. Mas resolver isso na base do terrorismo não pode ser. Essa solução tem que ser criticada por todos.

É muito difícil que o Brasil tenha algum tipo de influência em negociações no Oriente Médio ou mesmo na guerra da Ucrânia com a Rússia, porque tem uma geopolítica completamente distinta, não tem a importância que outros países têm. Mas o Brasil tem outro problema - que acho que não vai se repetir na ONU, mas se repete nas notas do governo brasileiro que evita criticar o Hamas - nem cita o nome.É complicado, porque o Brasil tem uma relação com o Irã cultivada pelos governos do PT há muitos anos. O Brasil já tentou intermediar negociações de enriquecimento de urânio entre Irã e EUA, mas não conseguiu porque, além de não ser importante geopoliticamente naquela região, tinha tendência a apoiar o Irã. Então, não foi adiante. De qualquer maneira, o fato de não querer criticar o Hamas - não é só o Brasil, são países de esquerda em geral, não querer denunciar uma atividade terrorista do grupo é uma atitude que faz com que não tenha isenção para atuar na área. O governo brasileiro tem essa dificuldade - critica os atos terroristas, apoia Israel, mas sempre coloca a questão da ocupação e do controle da Faixa de Gaza como um impeditivo para um acordo e quase que uma justificativa para a ação do Hamas, que é injustificada. Ninguém discute o direito a um Estado - é preciso uma solução. Mas resolver isso na base do terrorismo não pode ser. Essa solução tem que ser criticada por todos.

 

 

O Globo, 09/10/2023