Um dos nossos orgulhos infantis é de nunca termos tido furacões, tornados, marés desencadeadas com ondas gigantescas, e, mais do que tudo isso, não temos vulcões, ao menos não foi descoberto até hoje um vulcão extinto. É uma felicidade, dirão os otimistas, é de regozijar, dirão outros, menos otimistas, porem realistas. O certo é que o Brasil tem sido poupado, a não ser com o El Niño, que fez devastações em nosso território, atingindo, evidentemente, a economia do país.
Agora, já podemos falar de furacões, como o que devastou uma parte do sul do país, com tanta violência que destruiu casas, derrubou torres de energia, destruiu estradas necessárias e, como não poderia deixar de sê-lo, matou um número se não elevado, ao menos alto de pessoas, cuja morte deve ser lamentada. O furacão vem de repente, ao menos no Brasil, por ser atípico, segundo os meteorologistas, e por onde passa espalha o terror, que parece estar na moda também na atmosfera e no clima.
Não há possibilidade de defesa dos fenômenos naturais, da violência dos furacões, dos tornados e de outros semelhantes. Eles chegam de repente, fazem a sua obra sinistra e partem para outros locais, onde repetem a dose deixada para o Brasil ou diferente país habituado a esses fenômenos. Devemos, por isso, estar preparados para enfrentar os furacões ou tornados ou tempestades violentas, como as que inundaram o Ceará, que não tinha nem lembrança de alagamentos como os que ocorreram este ano.
Quer tudo isto dizer que entramos no clube dos primeiros colocados entre os que recebem a força indomável dos furacões e tornados. As nossas lavouras não têm como precaver-se, pois em nenhum país há defesa para esses brutais fenômeno a natureza. Temos de nos conformar, como nos acostumamos com as enchentes nas capitais, principalmente São Paulo, onde, nos meses de chuvas grossas, a cidade se alaga, e não há prefeito que tenha enfrentado o fenômeno com resultados positivos. É a nossa realidade climática.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 01/04/2004