Sempre fomos caudatários dos Estados Unidos, a começar pelo decreto número 1 do governo provisório, responsável pela proclamação da República. Obra de Rui Barbosa, denominou o Brasil unitário da época pela denominação adequada na origem dos Estados Unidos. Um erro do grande Rui Barbosa, que desejava para o Brasil um sistema semelhante ao dos Estados Unidos, prova de que o grande homem não conhecia suficientemente o Brasil, para nos comparar com a República do norte.
Se, pois, somos imitadores de tudo o que fazem os americanos, menos, evidentemente, o Destino Manifesto, que o nosso seria outro e não teria o providencialismo como base. É o fundamento na predestinação que ainda hoje prevalece, como vimos há poucos dias, com a eleição de George W. Bush, fruto da tendência calvinista americana, embora tenham passado tantos anos e haja, não pouco, mudada a sociedade americana. Ficou, ainda, o subsídio inicial, com que se levantou a maior potência da Terra.
Faço estas considerações para concordar, em tese, com o artigo dos articulistas Ives Gandra da Silva Martins e Marcos Alberto de Santa Bitelli, sobre a Ancimav, uma agência para patrocinar o desenvolvimento do cinema nacional. Aí é que está uma diferença irreparável entre o Brasil e os Estados Unidos. Aqui o cinema e o audiovisual precisam do Estado e de seus cofres para produzir, enquanto lá desde o início foi tudo privado, sem nenhum centime do Tesouro para produzir filmes.
Entendo, por isso, que o cinema deveria levar seus cultores, que os temos de talento, como provam filmes já produzidos e exibidos nos cinemas e nos aparelhos domésticos, fazê-los adeptos da livre iniciativa. Teriam liberdade de produzir e em pouco tempo como empresas privadas, o que é dizer muito, e louvável para os nossos cinemófilos. Está aí, portanto, um indicativo de como deve ser o audiovisual e o cinema em nosso país.
Diário do Comércio (São Paulo) 05/01/2005