A fidelidade partidária parece que desta vez emplaca. Está sendo saudada como a panacéia para acabar com um dos males da política nacional, o troca-troca de partidos de acordo com os interesses pessoais de cada eleito.
Os mandatos não mais seriam patrimônio pessoal dos deputados, senadores e vereadores, mas do partido. Quem não se sentisse confortável em determinada legenda, perderia a representação, dando vaga a um suplente da mesma agremiação.
Em tese, nada mais justo e democrático. O problema é que apesar da pulverização das siglas, não dispomos realmente de partidos, embora todos eles tenham programas que ninguém lê e que dificilmente é seguido pelos seus membros. O PT seria uma exceção, pelo menos tentou ser uma exceção até há bem pouco tempo. Seu fundador, o atual presidente da República, é o primeiro a violentar as mais importantes cláusulas do programa.
O antigo Partido Comunista Brasileiro também tinha um programa que era obedecido pelos seus membros. O mesmo acontecia com a finada Ação Integralista Brasileira. Ambos eram programáticos, votava-se primeiro na legenda, depois é que se pensava nos candidatos (nos tempos do integralismo não havia eleição, mas se houvesse, os militantes sabiam em quê estavam votando).
Devolver os mandatos ao partido seria o ideal na prática política e eleitoral, mas a realidade é que no Brasil ninguém vota em partido, vota em candidatos que por isso ou aquilo empolgam o eleitorado.
No momento, não me lembro a que partido pertence o deputado Clodovil. Teve excelente votação pessoal, os que nele votaram se lixaram para o partido que o abrigou. Digamos que Clodovil decida mudar de partido e perca o mandato. Como ficarão os eleitores que nele votaram?
Jornal do Commercio (RJ) 5/4/2007