Não é só no Brasil que nos defrontamos, sem saber como resolvê-lo, com o problema de energia. A França resolveu, ao menos até agora, o problema, gerando energia em instalações nucleares. Cerca de 75% da energia consumida pelos franceses é produzida em geradores nucleares. Estes, sabe-se. Têm vida longa, mas não perpétua. O governo deve ficar atento para não ser colhido de surpresa, como está ocorrendo no Brasil, nestes dias de ameaça de apagão generalizado, pois no apagão já nos encontramos.
Grande número de países adotam a energia nuclear, dando-se bem com ela. Os soviéticos tiveram Chernobil, mas todos se lembram do desastre com suas instalações, e, infelizmente, os ventos soprando para o continente e não para a Sibéria, causaram sérios problemas para as populações. Agora, jovens estão sentindo a incidência do átomo, e milhares de crianças estão condenadas a ter câncer, daqui a poucos anos. A energia nuclear é, portanto, um problema grave.
No Brasil, temos preferência pela energia hidráulica, e podemos, ainda, explorá-la muito, que não nos falta essa matéria-prima, a que os militares aproveitaram para construir Itaipu, graças à qual não estamos todos mergulhados no mais pavoroso apagão de nossa história. Outras usinas estão em funcionamento, algumas com atraso no início da produção de energia, mas outras já em plena carga. São Paulo está em bem dotado, mas ainda precisa gerar mais para atender à demanda.
Em suma, dos Estados Unidos ao mais pobre país da África, o problema da energia é urgente, é desses que lançam um desafio, que deve ser enfrentado com resolução e, mesmo, bravura. Isso não se deu, nem vemos que esteja ocorrendo no Brasil. Há uma espécie de inércia, a promover a construção de usinas, a fazer trabalhar instalações que estão paradas ou semiparalisadas, como é o caso da Henry Borden, que poderá nos salvar de um apagão desastroso. É pôr mãos à obra.
Diário do Comércio – São Paulo – SP, em: 02/06/2001