A ANAC é co-responsável pelos 199 mortos e pelos estragos produzidos no acidente de Congonhas
Leio, num dos jornais paulistanos, que a Agência Nacional da Aviação Civil (Anac) sabia do risco de jatos pousarem nas pistas de Congonhas. Assim, a agência é co-responsável pelos 199 mortos e pelos estragos produzidos pelo acidente do dia 17/07. As agências foram criadas exatamente para auxiliar a administração dos oficiais da Aeronáutica e das empresas de governo. No caso do acidente de Congonhas, seria fácil avisar aos pilotos sobre o perigo que corriam ao pousar em Congonhas com a pista molhada.
Nada foi feito por parte da Anac e nós sabemos o resultado do terrível acidente. Evidentemente, não será a Anac culpada e nem nenhum de seus funcionários, ocupados com os avisos urgentes das agências aos aparelhos em vôo. O fato será esquecido, como sempre ocorre no Brasil.
Não adianta vir agora a Anac justificar a sua ação no dia do acidente, que não teve eficácia necessária para impedir o desastre fatal. Lemos a ata e ficamos na mesma. As agências administrativas são necessárias para tornar mais viável e correntia a administração dos órgãos oficiais. Por esse motivo foram criadas e postas em funcionamento. A própria ata da reunião da Anac nos dá razão e justifica a manchete do jornal paulista, mas não ressuscita os mortos do acidente e nem compensa as perdas materiais.
A aviação civil está agora nas mãos do ministro Nelson Jobim, que está tomando providências para atualizá-la e pô-la em conformidade com as exigências que transitamos. Isto não é tudo em face da calamidade do desastre, mas já é uma boa iniciativa, para compensar as perdas lamentáveis do referido acidente. A aviação civil do Brasil precisa voltar a atender às necessidades nacionais e ao desenvolvimento, para melhor repartição da renda que está pendendo do dinamismo aéreo.
Ficamos por aqui, lamentando o silêncio da Anac na véspera do acidente e esperando que a agência satisfaça as exigências para a qual foi criada.
Diário do Comércio (SP) 28/8/2007