Supuseram a mídia e os governos estrangeiros, tanto quanto os milhões que votaram em Lula, que teríamos uma nova democracia, expurgada de seis erros antigos e, na linguagem do presidente, ex-purgada, também, da herança da sucessão, contra qual não se cansam os petistas de articular as maiores objurgatórias. Tudo seria novo, e a democracia luliana, seria, essa, sim, melhor do que as anteriores que tivemos, inclusive a melhor de todas, a do Império.
Passou -se mais de um ano, e os jornais estrangeiros já começam a fazer criticas a Lula, embora, há pouco, a revista Time, de grande circulação nos Estados Unidos e no estrangeiro, tenha colocado Lula nos cornos da lua, como líder popular, capaz., segundo o redator do trabalho publicado, de concorrer para o desenvolvimento dos povos subdesenvolvidos e emergentes. Seria, portanto, Lula, segundo a opinião desses órgãos e de organismos oficiais, uma espécie de redentor.
O tempo vai passando, e o que vemos não é nada disso. O MST continua sedicioso, enquanto numerosos assentados venderam suas terras, e se mandaram para a cidade. O abril vermelho passou a ser o maio vermelho e será o junho vermelho, e todos serão vermelhos, enquanto, como autoridade, Lula não colocar Stédile, Rainha e outros nos seus devidos lugares de simples cidadãos, a quem se deve negar o direito de fomentar insurreições.
Temos, portanto, pela experiência do PT, o direito de desejar uma nova democracia. Já a tivemos no Império, sendo D.Pedro II exemplo de liberal do século XIX. Já a tivemos no período do PRP, não obstante as atas falsas e o mandonismo das Comissões Diretoras. Tivemo-la com Dutra, com Juscelino, e teríamos tido com Getúlio, eleito pelo voto popular, se o presidente não perdesse a cabeça. O PT de que precisamos, portanto, é de uma nova democracia, que não será de Waldogate e outras mazelas.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) 17/05/2004