Em crônica antiga, num jornal que não existe mais, duvidei da existência da Bulgária. O romancista Campos de Carvalho lançara um livro famoso, "O Púcaro Búlgaro", no qual tentava provar a existência daquele país. Chegou a patrocinar uma expedição para esclarecer o assunto e me desmentir. Expedição que não houve por falta de voluntários.
Por conta própria, relacionou alguns itens que precisava para a expedição. Por solidariedade, também fiz a minha lista, embora não pretendesse partir para verificar a existência da Bulgária.
Mexendo nos meus guardados, encontrei a lista que fiz na ocasião, que ora transcrevo, na esperança de encontrar alguém interessado. Navegar nem sempre é preciso, mas partir é necessário. Estava nos preparativos e, para angariar adeptos, publiquei-a no "Correio da Manhã", que era um órgão sério, tão sério que deixou de existir sem provar nem desaprovar a existência da Bulgária. Vamos à lista:
"Um filatelista; um gramofone, modelo 1921; um pedaço de navio; uma âncora; dois halterofilistas; uma fechadura; um retrato do papa; um macaco de automóvel; três bolas de gude; o "Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem", do beato G. de Montfort; um óculos; uma lâmpada queimada; uma manivela; um calendário; 200 quilos de vaselina; um castiçal; uma pomba; um pacote; um cônsul; uma porta; 50 gavetas fechadas; outras tantas abertas; um manuscrito do Paulo Coelho; um bidê; uma gaiola; uma flâmula com os dizeres: "Expedição à Bulgária - MMXIII"; um assessor de assuntos afro-asiáticos; mais um cônsul; mais 200 quilos de vaselina embrulhados em papel impermeável; um cossaco; um estilingue; um par de abotoaduras; cinco dúzias de catálogos de telefone; um condestável; um almirante equipado; três campainhas; uma abelha".
Folha de S. Paulo (RJ), 24/9/2013