Passados à oposição, como o petismo e seus aliados, de fato, vão configurar um reai perfil das esquerdas no confronto com o novo governo? Ou, sobretudo, como vencerão a clara crise de lideranças no protagonismo sucessório desses 13 anos de poder? Está em causa, de saída, a sobrevivência do carisma de Lula, e de sua pertinácia, no país dos destituídos. Mas a vigência realmente prospectiva das esquerdas não encontrou as renovações de quadros e mobilizações reclamadas pela sua consistência a largo prazo. Não deparamos, hoje, nenhum petista nos governos estaduais, de par com a clara e imediata radicalização dos possíveis nomes emergentes. O senador Lindbergh marca, exatamente, esse perfil, implicando desgastes imediatos, numa coesão frente ao poder. O líder petista no Congresso, por outro lado, confinando-se à repetição do estrito credo partidário, foi a um fundamentalismo político. O caminho a ser traçado, na iniciativa da senadora Katia Abreu, expõe-se, ainda, aos torpedos da Lava-jato, que não esgotaram os seus alvos. Atente-se, também, que as preferências eleitorais nos municípios-chave descartam o petismo como opção dominante. Como avançarão as esquerdas na defesa programática do regime passado à oposição, diante da plataforma liberal de Temer? Os pontos-chaves e nítidos da nova oposição esteiam-se na manutenção do controle estatal da infraestrutura, na defesa do Bolsa Família -e, portanto, do indiscutível aumento de impostos - e na permanência dos benefícios do atual regime da previdência social A aceleração, por Temer, das privatizações ou das reformas securitárias vai aumentar o apoio, Já ostensivo, do status quo e seu sistema, reptado pelo lulismo histórico. Mas, no nosso presente quadro, não há retomo ao liberalismo sem rupturas no seu próprio imo e sem a busca do meio do caminho pelas direitas emergentes. Aí estão as polarizações de Meirelles ou Padilha, a fragilizar o futuro do regime Temer. Mas, sobretudo, para sustentar as conquistas básicas do governo Lula, uma nova esquerda dependerá da visão crítica, sem retóricas imediatistas, desses resultados de um progressismo ingênuo contra os verdadeiros imperativos do desenvolvimento.