A semana foi marcada por uma espécie de escândalo que estava no banco dos reservas. Os áudios revelados pela imprensa e TV, citando alguns titulares dos recentes problemas nacionais -diria Nelson Rodrigues-, espantaram até mesmo as cotias do Campo de Santana.
No entanto, sem querer diminuir o impacto das últimas revelações, comprometendo os patriarcas do petrolão e mensalão, senti que a maioria das denúncias estava fora do contexto, muito mais dramático e de magnitude maior.
Tivemos um excesso de espumas flutuantes e constantes que agitou nossos verdes mares, que estão ficando cada vez mais escuros e revoltos. Bem verdade que o excesso e o fragor de muitas espumas denunciam que no fundo dos oceanos estão se formando terremotos que nem a escala Richter pode mensurar. O resultado será um tsunami em nossa vida política, social e econômica, cuja malignidade poderá levar o país a uma devastação maior e pior do que qualquer crise institucional do passado.
Conheci um capitão da Marinha Mercante que não temia raios, trovões, tornados ou qualquer intempérie atmosférica, mas borrava-se de medo quando atravessava um mar com muitas espumas flutuando em torno do seu navio. Ele tinha a certeza de que passaria maus momentos e procurava fugir das procelas o mais rápido possível.
Só para dar um exemplo: se a procela de uma delação premiada atingir mortalmente um elemento graúdo do Judiciário, a situação será tão devastadora que poderemos regredir aos piores momentos de nossa história. Com as delações premiadas ou não, ninguém ficará tranquilo com as espumas que estão se formando cada vez mais furiosas e flutuantes.
Nem a Senhora dos Navegantes poderá nos salvar. E muito menos o novo governo formado nas tranquilas águas do lago de Brasília.