Se Henry Kissinger fosse o adviser de Bush, em lugar de Condolezza Rice, a guerra do Iraque não teria sido deflagrada, tendo ele em suas mãos todas as provas de que Saddam Hussein não possuía o arsenal de armas destruidoras, que serviu de argumento ao presidente para sua aventura, sem duvida fatal. O astuto judeu alemão naturalizado americano, que abriu a China aos Estados Unidos, foi um dos maiores secretários de Estado dos Estados Unidos graças à sua intuição e sua formação universitária.
Li dele, antes de seu aparecimento na mídia americana, um livro que muito me impressionou sobre armas destruidoras, e vi que estava diante de figura com destino marcado na estrutura política americana. Chegaria o dia em que ele seria chamado à Casa Branca, para aconselhar o presidente e, em seguida, assumir a Secretaria de Estado, tal a sua capacidade de ler no incerto futuro o que poderia acontecer, se não fossem tomadas providencias acertadas. É o que consta da biografia de Kissinger.
Bush ensaiou chamar Kisssinger, mas por motivo que ignoro, digo com fraqueza, não acertaram sua participação no governo atual, e o irremediável, para Bush, veio a se realizar. Quem tinha vitória certa nas eleições de novembro será derrotado por Kerrry, e a política americana tomará outro rumo, inclusive para os Bush, que não terão vez no quadro político da União americana. É o que penso, o que me ocorre, diante dos problemas que o presidente Bush tem ainda de enfrentar e que gerou o incotornável.
A política é uma ciência, mas é, sobretudo, uma arte, sobretudo a política de uma potência como os Estados Unidos, onde os usos e costumes, as instituições políticas, sociais, culturais, estão fortemente assentadas no espírito dos americanos. Bush vai ser castigado pela invasão e, mais de levar em conta, pelas mortes dos americanos convocados para a guerra e mortos em combate. Isso além do terrorismo, que medra no Oriente, principalmente o islâmico ou parte dele. É o que penso da aventura de Bush e da realidade americana, neste momento histórico.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) 13/05/2004