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Equívocos de Castelo Branco

 

Não sei quem inspirou o presidente Castelo Branco, nos idos de outubro de 1964, para ser baixado um decreto pondo fim aos partidos políticos que dominavam a cena da representação. Castelo, de uma penada, encerrou as atividades do PSD, da UDN, do PTB e de outros partidos, mas, sobretudo, dos que já estavam institucionalizados, que eram, exatamente, os principais, o PSD, de predominância mineira, a UDN com grandes figuras da política da época, e do PTB, embora já estivesse esse partido dividido.


Os partidos políticos devem ser institucionalizados, como foi o famoso PRP, fora do qual, como se dizia na época, não havia salvação. Durante toda a primeira República, até á revolução de 30, o PRP, um bloco maciço, dominou a política brasileira, fazendo e desfazendo governos desde a presidência até ao menor município do país. Organizado em distritos eleitorais, mandava para o parlamento grandes figuras, que fizeram sucesso histórico, e fazia e desfazia na administração. Era rigoroso nos seus atos.


Quando se abriu uma fenda na ditadura de Getúlio Vargas em 1945, com a criação de partidos políticos, foram compostos, desde logo, nove, aumentando para onze em seguida. Mas predominavam o PSD, a UDN e o PTB, este logo depois dividido em três ou quatro. Foram os partidos que elaboraram a Constituição de 1946, na qual sobressaiam o PSD, a UDN e o PTB, este, como acentuo, logo dividido. Mas, o importante a assinalar é que o PSD e a UDN predominaram na cena política.


Estavam, portanto, institucionalizados os partidos, quando Castelo Branco deve ter aceitado uma sugestão para os eliminar, formar dois partidos e prosseguir com as duas criações artificiais. O resultado é que não mais tivemos uma oposição aguerrida como a UDN e, também, não tivemos um partido hábil e bem constituído como o PSD, que os mineiros, com sua sabedoria política, conduziram até à extinção. O resultado desse erro de Castelo Branco está aí, na falta de partidos sólidos, inclusive o PT, que não tem a solidez necessária para governar, com hegemonia, o país.




Diário do Comércio (São Paulo) 08/12/2004

Diário do Comércio (São Paulo), 08/12/2004