Os fatos se impõem às ideologias. Essa é a lição da história da Ciência. A Terra gira em torno do Sol, apesar das fogueiras que queimaram hereges. A Terra é redonda e o mundo é um só ainda que o obscurantismo teime em defender fronteiras como fossos medievais e maluquices como a Terra plana.
Em janeiro, o Fórum Mundial de Davos identificou como principais ameaças globais a crise climática e as pandemias. Acertaram na mosca. Nosso futuro comum.
Chega uma epidemia e com ela a realidade de um mundo global, em que um vírus sem visto ou passaporte atravessa, insuspeito, qualquer fronteira. Nenhum país, sozinho, tem como se defender do coronavírus.
Uma instituição chamou a si a responsabilidade da gestão da crise. Dialogando com a China, ajudando os países africanos a se preparar, o que seria de nós sem a Organização Mundial da Saúde, órgão-chave da ONU, a tão criticada organização vista como inimiga pelo nacional-populismo brasileiro.
Recentemente, o Itamaraty foi acusado pelo assessor internacional da Presidência da República de ter sido até hoje “um escritório da ONU”, supostamente submisso, até que se instalasse a insana política externa do chanceler brasileiro.
Para nossa sorte, o ministro da Saúde vem dando provas de bom senso, seguindo os protocolos da OMS, mobilizando o sistema de saúde e a comunidade científica, além de tranquilizar a população, diariamente através da mídia.
A pandemia se impôs, apesar da negação irresponsável do presidente dos Estados Unidos, muito mais preocupado com sua reeleição do que com a segurança da população americana. Apelar a um nacionalismo primário em tempos de crise global pode levar uma nação ao desastre.
No Brasil, a negação da crise climática, outra ameaça global, também vem sendo desmentida pelos fatos, uma sucessão de eventos extremos dos incêndios na Amazônia às inundações em Belo Horizonte e São Paulo. E, no entanto, o governo, orgulhoso de sua abissal ignorância, persiste em atacar o conhecimento e a verdade. Eppur si muove...