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Empregabilidade 2

 

A palavra empregabilidade chegou a ser contestada por Jô Soares. Ela hoje faz parte da linguagem popular e ninguém duvida que logo estará pelo menos no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, da Academia Brasileira de Letras.


Ainda reportando ao Seminário CIFF/Gazeta Mercantil sobre “Empregabilidade”, realizado em São Paulo, vale a pena citar mais alguns pensamentos trazidos à tona nos debates havidos. A começar pelo empresário Guilherme Afif Domingos, presidente da Associação Comercial de São Paulo:


– Há uma sanha arrecadatória dos governos; há empresas pilantrópicas, é certo, mas deve-se separar o joio do trigo; no 3º Setor não há competição, mas sim intercomplementaridade; como a Regraf apurou, há 8.500 voluntários trabalhando no 3º Setor. E muitas entidades religiosas, também; é preciso assumir riscos, não ter medo, ser empreendedor; segurança e empregabilidade são vertentes que andam juntas; o trabalho é uma grande escola, sobretudo para os adolescentes; resolveu-se juntar a ação do 2º Setor com o 3º Setor, sem repetir esforços, daí o programa chamado Degrau; a Lei nº 10.097 protege o trabalho das ONGs e promove os programas de Convivência e Aprendizado (o município é que regulamenta o processo, a partir dos 14 anos de idade). Assim, empresas têm sido transformadas em escolas. Em São Paulo há 40 mil jovens submetidos aos princípios da Lei nº 10.097. Eles muitas vezes sabem mais do que adultos que não tiveram essa formação; deve-se tirar o cidadão da informalidade lícita ou ilícita para a formalidade.


O jornalista Gilberto Dimenstein deu sua contribuição, dizendo que os homens públicos abusam muito da nossa paciência. Estamos perdendo a noção do ridículo do que deve ser anunciado; não é preciso inventar coisas novas, quando já existem coisas funcionando bem; para que o “primeiro emprego” se já existia o estágio? É difícil querer trabalhar no Brasil. O 3º Setor não nasceu hoje, vem de longe, como prova a Santa Casa. Chega de soluções novas! Toda a escola brasileira deve ter trabalho comunitário - e isso constará do currículo; ainda não temos a obsessão pela educação; é preciso mais cuidado com o dinheiro público, porque nós é que o fornecemos.


Afirmou-se ainda que devemos descomplicar a vida, pois educação e trabalho são fundamentais. Já Gesner Oliveira assim se pronunciou:


- Falta-nos uma estratégia de crescimento; os jovens têm mais deveres do que direitos; o que o jovem deseja em primeiro lugar é o emprego. Seja na capital, seja no interior; o Ministério do Trabalho não está empenhado em reinventar a roda. Procura também inovações, como faz no “Primeiro Emprego”, tentando impulsionar novas metodologias; o estágio deve ser considerado como o pré-emprego e não o emprego propriamente dito; o Governo reconhece o risco de mexer num processo que envolve 34 milhões de jovens. Serão sugeridas em breve medidas inovadoras; egressos da Febem serão acolhidos por grandes empresas, a partir de uma decisão da Votorantin. É um avanço a ser assinalado.


Finalizando, Matilde Ribeiro deixou registrada a sua opinião:


- O jovem não é problema, é solução e no Brasil se não vive uma democracia racial. A exclusão é uma realidade a ser combatida.


Jornal do Commercio (RJ) 24/5/2004