A aristocrática Marta Suplicy esqueceu os seus brasões e muito democraticamente atacou José Serra e Gilberto Kassab na noite de sua consagração como candidata.
Sua fotografia nas primeiras páginas dos jornais se prestou admiravelmente bem para o tom que ela pretende usar em sua campanha à Prefeitura de São Paulo.
Não estranhamos que Marta Suplicy tome essa atitude; não por ser ela habituada aos ataques e respostas a adversários a que se pode atacar inconsequentemente, mas por ser comum na política atual, onde estão os candidatos que podem fechar o caminho para a vitória.
Sempre vi Marta Suplicy na luta política como uma vitoriosa e como uma candidata prestes a tomar posse do poder. Nunca reduz a elegância, com o seu vestido em tom róseo presente em todas as capas dos grandes jornais, e com seu sorriso alegre.
Marta Suplicy nunca se deixa abater. Não será surpresa para mim se tiver que escrever novo artigo sobre Marta Suplicy já eleita como prefeita de São Paulo, pois está provado que ela sabe o que é a política, essa ciência e arte de nunca falar tudo, mas sempre o necessário, além de fornecer ao situacionismo um ponto de apoio popular que não pode ser dispersado.
Não assisti o programa de televisão que transmitiu a sua posição nas alturas, mas não duvido que tenha sido produzido com formato popular, para agradar a massa que acompanha o presidente Lula e que poderá servir a ela com uma Nova Evita da América Latina.
Marta Suplicy não tem idéia do programa de seu partido e nem como ficará ela dentro dele, como candidata de um partido populista. Sua aliança com Aldo Rebelo, candidato à vice-prefeito, dá a medida de sua ambição ideológica, que adota qualquer cor, inclusive o vermelho de Aldo Rabelo.
Administrar a prefeitura de São Paulo é como administrar um tesouro, tal a gravidade dos aspectos da intimidade de suas rendas. Marta Suplicy tem que se adaptar a essa diversificação de rendas. A Prefeitura de São Paulo já foi administrada por especialistas em urbanismo, como Prestes Maia, e outros bem conhecidos do público e dos paulistanos; afinal, a administração pública não exige a sumidade de um saber técnico indiscutível, como temos notado numerosas vezes. Uma simples dondoca pode dar cabo da gestão dos negócios públicos na prefeitura da cidade.
Eis aí um retrato de mulher que se arroja à Administração como se fosse à coisa mais simples do mundo.
Diário do Comércio (SP) 1/7/2008