Não tenho dúvida nenhuma, nem a mais remota, que um empresário grande ou médio, pequeno em evolução para médio, não entregaria a direção de seus negócios à sra. Marta Suplicy. Uma senhora madura, com seus quase sessenta anos, que ocupou seu tempo em tratar de questões sexuais e a apresentar-se com o marido de grande família paulistana nos salões da cidade, não merecia confiança para ocupar um cargo de direção numa empresa, com empregados, produção, distribuição, propaganda de outros afazeres.
Pois o regime em viro, criticado acerbamente, como já demonstrei com suas próprias palavras, pelo grande Rui Barbosa, mestre de civismo e de ciência política, permitiu à sra. Marta Suplicy de assumir a chefia do governo municipal, com a volumosa quantidade de problemas da cidade. Não se tratava de uma urbanista mas de uma amadora sem bagagem especializada em administração, inclusive do lar, que ficava por conta da governante.
Por essa situação do regime, defendi, numerosas vezes, a prefeitura de carreira, como a dos juízes de direito. A representação do povo, segundo a democracia defendida por todos os cidadãos, inclusive os que não sabem nada de regimes, ficaria por conta dos membros das Câmaras Municipais. Os urbanistas faziam a carreira e acabariam na capital, como os desembargadores, que foram juízes de carreira, e em número correspondente às sub-prefeituras, dirigiriam a cidade, como urbanistas, conhecedores, portanto, da capital e de seus problemas.
Evidentemente, a tese das prefeituras de carreira nunca foi levada a sério, nem mesmo quando Menotti Del Picchia a defendeu nas suas Memórias . Para os meus artigos nos Diários Associados nunca houve resposta, e desde que o deixam de lado, embora pessoalmente se manifestavam favoráveis, para não desagradar o diretor então poderoso de uma rede de jornais, rádios e televisões. Volto, no entanto, a defender a mesma tese, a fim de evitarmos as Martas que aparecem agora na política. Repito minha tese, embora saiba que nenhum político a considerara válida para o Brasil.
Diário do Comércio (São Paulo) 17/01/2005