O dia 15 de outubro - Dia do Mestre - ensejou que pensássemos ainda mais naqueles que elegeram o magistério como sua profissão de escolha. Infelizmente, o número está diminuindo.
Apesar de pouco lembrados e reconhecidos, os professores estão no dia-a-dia das escolas, influenciando centenas de milhares de alunos, principalmente quando são queridos e respeitados.
Inegavelmente só se sentem realizados, salários à parte, aqueles que são vocacionados. Aprendem-se teorias, técnicas, métodos e processos, mas não acreditamos que se aprenda a "gostar de ensinar". Isso praticamente vem do berço.
O universo do magistério está entregue em sua maioria às mulheres. Podemos dizer que o Brasil é o país das professoras, tendo um contingente feminino de 94%, exercendo a função da 1ª à 4a séries do ensino fundamental. Só perdemos para a Itália, que perfaz o total de 94,6%.
Esses dados são resultantes de uma pesquisa realizada pela Unesco em 138 países. A predominância da mulher que leciona as primeiras séries não é exclusividade do Brasil nem da Itália, pois a docência feminina, nas classes dos primeiros anos escolares, acontece na quase totalidade dos países do mundo.
Entretanto, nem sempre foi assim. Nossos primeiros professores eram homens. Foram jesuítas que aqui chegaram e não só catequizaram os índios, mas começaram a ensinar a ler, a escrever e a contar. Isso durante cerca de 200 anos.
A educação acontece eficazmente quando os professores são considerados peças imprescindíveis e merecedores de destaque em qualquer sistema educacional.
Países desenvolvidos como a Finlândia, a Coréia, a Irlanda, o Japão e muitos outros dão aos profissionais da educação o devido mérito e respeito e os resultados estão à disposição de quem quiser conferir o excelente índice de aprendizagem apresentado pelos seus alunos.
Gostaríamos de que aqui acontecesse a mesma coisa. Àqueles que detêm o poder fica o apelo para um maior investimento na formação dos futuros mestres e na reciclagem e no treinamento daqueles que estão atuando nas nossas salas de aula. Quando isso ocorrer, os resultados serão logo sentidos. Por enquanto, fica a nossa homenagem aos 2,4 milhões de professores brasileiros, que realizam com dedicação as suas sacrificadas tarefas.
E que a profissão volte a despertar o interesse de outros tempos.
Jornal do Commercio (Rio de Janeiro - RJ) em 20/10/2003