Faz poucos dias, o presidente Lula teve a oportunidade de exclamar "salvem a Varig". Também deveríamos exclamar "salvem a Vasp", e, em futuro próximo, salvem outras empresas, devendo à tangente da falência.
O caso da Varig não é único. Não deveria ter chegado onde chegou, mas, na verdade, aí está para mostrar que empresas de aviação, com linhas rendosas para o exterior já estão na zona vermelha do perigo que todos os empresários querem evitar.
As dívidas das companhias de aviação vêm se acumulando dia a dia, mês a mês, ano a ano, de tal sorte que se tornou praticamente impossível salvá-las, quando o passivo cobre folgadamente o ativo e a capacidade de obter resultados financeiros que as salvem. Sobretudo, tenha-se presente, por ser complexa a situação dessas empresas.
Vem o petróleo a preços altíssimos, o pessoal numeroso e bem pago, os prejuízos naturais dos pousos e decolagens, a fadiga do material de vôo e outros motivos, para fazerem tremer os administradores de empresas que têm sofrido abalos e perdas de substância com relativa facilidade, como várias já citadas nesta coluna.
A Varig, a empresa que leva a bandeira do Brasil por vários aeroportos do mundo, está praticamente inadimplente. Sua insolvabilidade tem meios de reduzir-se, mas sob a pressão de uma austeridade administrativa, acompanhada pelo poder público a fim de manter em operação a empresa que já atraiu para seus vôos milhares de clientes, seduzidos por sua exatidão de horários, bom serviço de bordo e pessoal altamente bem treinado para, com educação e boas maneiras, atender aos passageiros.
É essa uma das empresas que devem ser salvas. Mas uma dívida de 10 bilhões de reais é alta demais para ser encampada pelo poder público. Ainda que o presidente queira que o seja, não somos adeptos de uma intervenção do poder público na operação salvadora que se deseja para a Varig e a outras empresas, mas o único dos cofres para esse fim é o do governo, e não se quer voltar às estatizações, que passaram de moda e de interesse, sobretudo de interesse. Os estudos para salvar a empresa estão em marcha. Mas até quando? Esse o busílis.
Diário do Comércio (São Paulo) 10/03/2005