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Difícil reforma agrária

 

Ninguém dúvida que uma reforma agrária é das tarefas mais difíceis que um governo encontra e não a cumpre completamente. Foi assim no passado, é no presente e será no futuro. Para começar, a dificuldade maior é o que apresenta o presidente Lula, que não sabe como sair dessa armadilha. Os líderes do Movimento dos Sem Terra, MST, são experimentados, têm coragem, são guevaristas, portanto revolucionários, capazes de incendiar o país para colocar algumas milhares de famílias nas terras que, de resto, já estão sendo vendidas para compradores de tendência revolucionária.


No México a reforma agrária não deu resultado. Os produtores acabaram comprando a terra de que necessitavam, com recursos próprios ou empréstimos bancários preparados para esse fim, e tudo se arranjou sem a repetição do período de Zapata e Pancho Villa, em que a expressão mais usada era "passado pelas armas", isto é, fuzilado, desde que inimigo. O México conquistou calma com o governo de Madero que, por isso mesmo, acabou assassinado.


No Brasil os governos já assentaram milhares de famílias, mas ainda os lideres Stedile e outros menores querem mais, querem todas as famílias no seu torrão de alqueires, a fim de começarem a produzir para vender e fazer dinheiro, com que comprem terras e produzam mais, se possível até o enriquecimento. Isto porque o enriquecimento é a finalidade da exploração fundiária, no campo, com a produção, ainda que pequena pelas dimensões da propriedade, dando resultado.


O presidente Lula já se meteu na reforma agrária, nos tempos das lutas partidárias, no início do PT. Agora é contar com os problemas que pululam em torno da atual reforma agrária, pois está ela inflada de propósitos revolucionários, que não explodiram porque não é possível, diante de governo decidido a por cobro à questão. Mas, ou muito nos enganamos ou a reforma agrária não sairá como querem os líderes guevaristas. No final acabarão com um pedaço de terra e, cansados, a vendem para quem tem dinheiro para o pagamento.


 


Diário do Comércio (São Paulo - SP) em 08/04/2004

Diário do Comércio (São Paulo - SP) em, 08/04/2004