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Despertar da China

 

Grande guerreiro Napoleão I, teve uma antevisão profética ao exclamar num de seus dias de glória que o mundo tremeria quando a China despertasse.


A China está despertando e o mundo vai começar a tremer. Uma grande potência se anuncia no surto econômico do antigo Império do Meio com Filhos do Sol e vai enfrentar o maior império da terra, com seus duzentos prêmios Nobel, suas universidades, sua tecnologia e seu presidencialismo e com o que sobrar de sua herança puritana.


A influente revista inglesa The Economist traz matéria de capa sobre exatamente a China. Embora a língua inglesa não se preste ao calembour , em que é forte a língua francesa, é sugestivo o arranjo da revista Great Wall Street , esta última palavra em corpo menor.


O artigo que abre a revista não deixa dúvida sobre a perspectiva em que está sendo colocada a China, politicamente comunista e economicamente capitalista, uma armação chinesa com base em milhares de anos de perfeição na sabedoria, muitas vezes revelada em provérbios, todos instrutivos.


Grande historiador, Arnold J. Toynbee, num ensaio sobre o Ocidente e as revoluções, com acerto e riqueza de fundamentos, atribui ao Ocidente a responsabilidade histórica de ter levado para o mundo inteiro a revolução como processo de mudança.


A China o sofreu em longos anos, desde o século XIX até o maoismo - o último imperador de fato, que submeteu o vasto país ao totalitarismo comunista. Seus descendentes políticos acreditaram o que entenderam ser viável e útil, e trouxeram para dentro o modelo capitalista, que está sendo vitorioso, para o seu despertar.


A China tem uma população de um bilhão e trezentos mil habitantes, um colosso, que chega a provocar alucinações, pois esse colosso vai enfrentar potências altamente politizadas, instituições estabelecidas no tempo e no espaço. Ou haverá um vencedor ou haverá o triunfo do número e da capacidade tecnológica. Essa é palidamente a antevisão do corso. Devemos acompanhá-lo no seu vôo pelo mistério das previsões, nas quais os chineses não querem acreditar.


O que nos interessa é como ficamos nós, tão mal governados e sem quadros técnicos e teóricos para uma obra titânica.




Diário do Comércio (São Paulo) 16/08/2005

Diário do Comércio (São Paulo), 16/08/2005