Não há, na política americana, precedentes na queda de popularidade de um presidente, nestes seus 100 dias iniciais. A rejeição chega até, aliás, ao próprio Partido Republicano, no seu núcleo duro, chocado com as inconsequências de um novo conservatismo na Casa Branca.
Depara-se, na ação de Trump, a surpresa do gesto do dia, na improvisação, e do dito, diante da gula da mídia. As medidas mais surpreendentes, aliás, como o banimento da imigração muçulmana, já foram barradas, sem exceções, por inconstitucionais, pela Justiça americana.
Estes dias vão, entretanto, à pergunta sobre o efetivo e claro protesto da oposição político-partidária. Entender-se- á, na rotina das sucessões, a cautela de Obama. Mas surpreende tenha ficado em silêncio, até agora, o Partido Democrata.
Finalmente, Hillary vem à frente, depois de uma absoluta reclusão, neste primeiro trimestre. E vai à proposta de um programa de resistência, dos freios e interpelações no Congresso, a desbordar numa inevitável ida à rua, numa confrontação ostensiva.
Nada se delineia, entretanto, quanto à inevitabilidade de um impeachment, em país já habituado ao procedimento contra um presidente glorioso ou de baixa popularidade. Só há a lembrar, por outro lado, e de forma tão inquietante, o quanto assassinato do primeiro mandatário é uma recorrência na cultura americana.
Enraizar-se-ia aí uma forma macabra do salvacionismo, inerente à sua visão cidadã, na arguição, sempre, pelos criminosos, de uma liberação do país.
A conduta olímpica do presidente extrema-se, agora, na desatenção às normas de segurança. Atinge um nível de exposição de quem se vê como um super-homem, no cumprimento exuberante de seu mandato. E vai à provocação, sem volta, de seus opositores, suas bombas e balas.