Efemérides. Como todo jornalista, sou louco por elas, porque nos permitem escrever sobre algo importante acontecido há 50, 100 ou 500 anos. Neste sentido, 2024 será formidável. Já tivemos ou teremos os cem anos do lançamento do Manifesto Surrealista por André Breton, da estreia da "Rhapsody in Blue", de George Gershwin, da morte de Kafka, da produção em massa do Band-Aid, do primeiro eletroencefalograma, de filmes como "O Anel dos Nibelungos", de Fritz Lang, "A Última Gargalhada", de F. W. Murnau, e "O Ladrão de Bagdá", de Raoul Walsh, e da casquinha de sorvete.
À sua maneira, o Brasil também foi um fuzuê em 1924. Foi o ano da Revolta Paulista, o segundo levante militar contra as oligarquias que atrasavam o país (o primeiro foi o dos 18 do Forte de Copacabana, no Rio, em 1922). Os rebeldes tomaram São Paulo, espaventaram o governador e os quatrocentões, donos do poder, fugiram trêmulos para suas fazendas. Mas o governo de Arthur Bernardes mandou os aviões bombardearem a cidade, dispersou os rebeldes e dali nasceu a Coluna Prestes. Ano histórico. Os mais ousados talvez incluam entre os eventos de 1924 também o nascimento de Ibrahim Sued.
Os anos terminados em quatro sempre foram agitados. Em 1944, tivemos a luta dos pracinhas na Itália. Em 1954, o lançamento de "A Luta Corporal", de Ferreira Gullar, que rachou a poesia brasileira. Em 1964, o golpe militar. Em 1974, a fusão por Geisel da rica Guanabara com o falido Estado do Rio, para esvaziar política e economicamente o Rio. Em 1984, a explosão do duto em Cubatão. Em 1994, a morte de Ayrton Senna e Tom Jobim. E por aí vai.