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Decepção no day after

 

Jornalista, professor, autor de livros, acadêmico, e com a vida já na hora vespertina das sombras alongadas, saio da observação da campanha eleitoral profundamente decepcionado com a baixaria, a arrogância, a mentira despejada como água suja nas ondas de televisão e de rádio, com uma coragem de não defender a verdade, que me leva a julgar o regime com notas desprimorosas. Não cito nomes. Todos os conhecem, se ficaram diante dos aparelhos para ouvir ou ver.


São Paulo, uma das maiores metrópoles do mundo, produto único de realizadores e empreendedores de alto poder de levar avante a civilização do planalto predestinado que é o nosso, essa cidade merece o melhor. Mas o melhor existe no quadro de um regime que permite tudo o que ouvimos e vimos nos dias da propaganda gratuita? Essa a questão. Sou liberal, por ver no liberalismo, em outros tempos condenado pela Igreja, mas já superado, pude ver nele o melhor, mas é possível impô-lo em permanência?


Duvido. Quem entende a observação às instituições completas da nossa democracia, difere, em tantos pontos de outras, do mundo. A decepção não é menor. Ao contrário, à medida que nos aproximamos dos poderes e salta aos nossos olhos e à nossa interpretação como se conduzem os mandatários eleitorais e partidários, num regime cheio de defeitos. São Paulo foi uma amostra, na qual o candidato Serra sobressaiu por sua compostura melhor do que a candidata Marta.


Seria preciso fazer uma reforma completa. Mas como? Todos querem reformas, desde que tudo fique na mesma. Escrevo sobre o voto eleitoral desde os velhos tempos dos Diários Associados , mas inutilmente, pois o que interessa, mesmo, para senadores, deputados, vereadores, é o voto proporcional, que é injusto, como já provei com fatos inquestionáveis. O day after tem um gosto amargo, portanto, ao refletirmos com interesses voltados para o povo. É esta a questão. Não se pensa no povo. Eis a verdade.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 01/11/2004

Diário do Comércio (São Paulo), 01/11/2004