A presença do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva na COP27, no Egito, antes mesmo de ele assumir o cargo para o qual foi eleito em outubro, contrasta com a primeira decisão do atual presidente brasileiro, que cancelou a reunião do clima que seria realizada no Brasil em 2019.
'A reivindicação de que uma reunião seja na Amazônia ainda durante o mandato de Lula tem uma simbologia óbvia. Informa o interesse do futuro governo brasileiro de dar um cavalo de pau na diretriz do país para retomar o protagonismo que sempre foi nosso nesse campo.
Querer exercer uma liderança global em meio ambiente é uma ambição saudável de Lula, já que, efetivamente, o mundo depende do que fará o Brasil nesse tema, depois de ter sido governado por quatro anos por um negacionista das mudanças climáticas.
Mas é um péssimo sinal a volta da megalomania lulista de querer ser um negociador internacional -na imaginação de alguns petistas mais afoitos, até na guerra da Ucrânia. Não deu certo na negociação nuclear com o Irã e provavelmente não daria certo no atual momento.
Se o Brasil cumprir seu papel de liderança na política climática, em que tem lugar de fala para cobrar dos países desenvolvidos que cumpram suas obrigações, será um grande avanço nesse caso específico e também para a melhoria da imagem do país no exterior.
Pela repercussão na imprensa internacional, Lula volta a ter a simpatia das democracias ocidentais, o que será de grande valor para os investimentos estrangeiros. A política antiambientalista do presidente Bolsonaro recebeu na terça-feira sua reafirmação pelo ex-presidente Trump, no lançamento de sua candidatura à Presidência dos Estados Unidos. O ex-presidente norte-americano, espelho em que Bolsonaro se mira, desdenhou as preocupações climáticas do atual presidente Joe Biden dizendo que ele se preocupa com o que pode acontecer no clima dentro de 200 a 300 anos, mas não como dia-a-dia do cidadão americano, que sofre com a inflação alta e o preço dos combustíveis.
Uma visão simplista e imediatista levou o Brasil a se isolar do mundo e a sofrer sanções de países como a Alemanha e a Noruega, com a suspensão do Fundo Amazônia. O governo brasileiro voltará a ter voz ativa internacional, mas seria bom que Lula se dedicasse às questões internas urgentes, sem se arvorar a ser o salvador do mundo. Basta que se contente em tirar o Brasil da crise em que nos metemos.
Para tanto, seria bom que não aproveita se a lua de mel dos eleitos que ainda não assumiram as rédeas do governo para exagerar nos gastos públicos. Uma excepcionalidade que pode ser permanente, como a licença para gastar acima do teto, torna o remédio um veneno.
Pela repercussão na imprensa internacional, Lula volta a ter a simpatia das democracias ocidentais, o que será de grande valor para os investimentos estrangeiros.