A Academia Brasileira de Letras, nos seus 125 anos de existência, não cuidou somente de língua e literatura. Teve que se ocupar também de graves problemas nacionais, como agora se deparou com a propagação do ódio em vários dos nossos Estados?
A Academia Brasileira de Letras, nos seus 125 anos de existência, não cuidou somente de língua e literatura. Teve que se ocupar também de graves problemas nacionais, como agora se deparou com a propagação do ódio em vários dos nossos Estados. São recentes os fatos a lamentar, como registrados no Rio (Baixada Fluminense), Taboão da Serra (SP) e Blumenau (SC). Nesta última cidade, foram covardemente assassinadas quatro crianças de 4 a 7 anos de idade. O psicopata invadiu a creche e, utilizando um machado, feriu mortalmente as suas jovens vítimas. Tudo isso em troca de publicidade?
Na nota da ABL, assinada pelo presidente Merval Pereira, afirma-se que a entidade, fiel à sua vocação humanista e preocupada com a onda de violência que assola o país, em especial colocando em risco as escolas, origem não apenas da educação formal, mas do aprendizado de convivência e solidariedade na sociedade, presta seu apoio às famílias vítimas da tragédia na Creche Bom Pastor, em Blumenau. Como instituição cultural, responsável pelo cultivo da língua e da literatura brasileira, conclama que medidas preventivas sejam tomadas pelas autoridades para preservar os estudantes de ataques que, em última instância, são ataques às instituições de ensino, básicas para o desenvolvimento nacional.'
Como se vê, há hoje a orientação de não citar o nome do criminoso. Se ele buscava notoriedade, terá menos do que o esperado.
A quadra que estamos vivendo é extremamente delicada. Ao lado desses ataques que se sucedem, temos grupos neonazistas operando no país, com forte apoio nas chamadas redes sociais. Isso tudo ao lado de deficiências na saúde mental de parte da população, a exigir delicadas e urgentes providências por parte do Governo.
Ouvimos comoventes entrevistas do Presidente da República ('sinto-me enojado com isso tudo') e de vários ministros, propondo grupos de trabalho para estudar a matéria, que naturalmente é muito delicada e requer uma ação imediata. A ideia de convocar militares da reserva para servir em escolas é boa, mas será suficiente? É preciso também organizar um eficiente esquema de inteligência.
Estamos preparados para isso?