Nunca a palavra crise foi pronunciada com tanta ênfase, com tanto desgosto e com tanto horror quanto está ocorrendo nos estados do Nordeste, a partir de Maceió, Pernambuco, Ceará e Piauí. O clima social está exageradamente perturbado pela ineficiência no serviço médico e hospitalar, com doentes à beira da morte por falta de atendimento de urgência.
Vê-se que a saúde no Nordeste está pior do que no tempo em que se fundou as frentes de obras contra as secas. Vale lembrar que o Nordeste foi sempre esquecido pelos poderes públicos e os políticos em tempos não eleitorais.
A reportagem que o jornal O Estado de S. Paulo publicou anteontem trouxe título apropriado e horripilante: Cenas de horror em hospitais do Nordeste . A leitura dessa reportagem é impressionante, por sua veracidade e pelo esquecimento em que ainda se encontra o Nordeste, apesar de todas as providências tomadas por sucessivos governos. Já estamos habituados em ouvir notícias do Nordeste revestidas de horripilante realidade, o que mostra o descaso com que o Estado cuida de uma região que tem mostrado, pela livre iniciativa, que pode ser recuperada e entrar no cômputo do PIB brasileiro mais depressa do que se pode pensar.
Acentua a reportagem de O Estado de S. Paulo que o atendimento de emergência das capitais está à beira do colapso. Aquela gente, que pelas reportagens tornadas públicas - pelos jornais e pelos meios de comunicação eletrônica - sempre se bateram contra o abandono em que se encontravam e que as obrigando a emigrar para o sul do País, onde, na verdade, engrossam o número de favelados que tiveram que submeter-se a esse meio anti-humano de vida para não ficar sem teto e sem proteção ambiental.
Que o Nordeste sirva mais uma vez de exemplo da má política em que estamos metidos e que outra política se apresente em seu lugar para favorecer os nossos patrícios que carecem tanto de uma saúde pública adequada.
Diário do Comércio (SP) 23/8/2007