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A crise da família

 

Dentre as transformações que marcaram o século passado, um dos mais fortes e mais influentes foi o que abalou a estrutura social da família. Logo no início da década de 30 os costumes entraram em fase de deterioração, mas sem a celeridade que enfrentamos, ou conhecemos, ou deles simplesmente tomamos conhecimento. Mas a realidade não poderia ser escondida atrás de sofismas como o de que somos tomados pelas mudanças e não temos como resistir a elas.


Foi diante desse fato, mais do que evidente no início da década de 30, que levou o papa Pio XI a dar ao mundo a encíclica Casti Conubi , na qual é analisada em profundidade a formação da família e os perigos de que tinha de dar cabo, antes que fosse tarde para os superiores interesses de uma nação, em fase acelerada de transformação, e que não podia deixar de procurar abater. A encíclica ganhou grande popularidade, sobretudo por ser lida em trechos nas missas semanais.


Ficou para trás a encíclica, com seus conselhos e suas previsões, sobretudo suas previsões, que anunciaram a crise que viria, fatalmente, depois, sobretudo se o mundo entrasse em fase de convulsão. Vieram depois vários documentos da Santa Sé e de papas que se seguiram a Pio XI, como, por exemplo, o papa Pio XII, que tomou grande interesse da condição da família como centro de formação da infância e de encaminhá-la no futuro, quando chega.


O período que se abriu com a década de 30, no século passado, foi logo abalado pela ascensão do nazismo, tendo, atrás, o comunismo na União Soviética e nos sindicatos do mundo inteiro, e, ainda, o fascismo italiano. A seguir tivemos, por esses três cavaleiros do mal, a segunda grande guerra e, posteriormente, a grande mudança com as alterações secundarias, abalando o mundo. Uma das vítimas foi a família, que sofreu tremendo rapelão da crise, e em crise está até hoje, na estatística do IBGE, publicada na semana passada. Em suma, debate-se em crise profunda a família, como instituição.


 


Diário do Comércio (São Paulo) 31/12/2004

Diário do Comércio (São Paulo), 31/12/2004