Não dou opinião por ter ou não ter uma posição de opção política do que se passa no Brasil de meus dias. O futuro é incerto, sempre - mas por observar, como jornalista, que é, exatamente, a profissão obrigatoriamente de observadores, que a nação está se enfraquecendo nas suas bases e as colunas sobre as quais se sustenta poderão ruir, ao peso das contradições, das crises sem solução, à gestão anárquica dos negócios públicos e, sobretudo, à corrupção que medra como tiririca.
Chamo, por isso, a atenção dos meus leitores para o artigo de Alberto Oliva, professor de Filosofia na Universidade Federal do Rio de Janeiro. É uma página que merece leitura e meditação, pois os nossos problemas aumentam, sem oferecer a perspectiva de uma solução compatível com os interesses do povo. O presidente Lula já alcançou uma classificação pessoal invejável: é, segundo a revista Time , um dos líderes do mundo, uma grande posição. Mas será, mesmo?
Se analisarmos os problemas em cujas tenazes nos debatemos faz anos, no governo Lula, em lugar de serem enfrentados e reduzidos nas suas proporções, aumentaram, como o espraiamento do movimento dos assim chamados sem-terra, com características revolucionárias que não deixam de antecipar a viabilidade de um insurreição, que envolverá o país numa guerra civil. Isto, quando nós já sabemos que um número elevado de famílias assentadas já vendeu o título, a fim de se mudar para a cidade.
Os dois líderes do MST, Stedile e Rainha, não estão cogitando do Brasil. Apegados ideologicamente a movimentos revolucionários, no momento recessivos, conduzem os aspirantes a terras armados de foices e armas de fogo, nas invasões de propriedades legitimamente compradas e possuídas. São guevaristas, como não se ignora, e são ousados até mesmo contra o presidente da República, que lhes é amigo. A Nação se desconstrói. Essa a importância do artigo. Ele mostra como se constrói a Nação. Leiam-no.
Diário do Comércio (São Paulo - SP) 27/04/2004