Não se pode procurar um modelo de aeroporto, pronto e acabado, nas ruas do velho e celebrado Triângulo desta megalópole que não pára de crescer. De todas as obras civis que a engenharia enfrenta, nenhuma é mais complexa do que o aeroporto. Vamos aos casos concretos. Primeiro temos que escolher o local apropriado; confesso que não vejo em São Paulo um terreno adequado a se prestar à um aeroporto de grande circulação, segundo as verbas necessárias para sua construção, num Tesouro apertado de obrigações fatais e inadiáveis. Tudo isso leva tempo, custa dinheiro e as gerações passam.
O próprio Aeroporto de Congonhas está sendo construído e reconstruído desde a década de 30, quando se iniciou sua construção na antiga via Washington Luís, ali aberta por uma companhia de construção civil. Fala-se agora em aeroportos com uma banalidade de conversa sem responsabilidades, quando, no entanto, viu-se pelo acidente que roubou tantas vidas que a construção de um aeroporto é da maior importância.
A construção de Cumbica, aproveitado de um aeroporto militar, está dando um resultado admirável, motivo porque não deve ser objeto de cogitação como está sendo.
O aeroporto de Viracopos foi "descoberto" pelo famoso comandante Vachet, da AirFrance , que me procurou no jornal para fazer a primeira entrevista sobre o novo aeroporto.
Esse aeroporto é excelente, mas está muito distante da capital, geradora de tráfego intenso. A Força Aérea Brasileira (FAB), contudo, vai decidir o que fazer com esse aeroporto. Deve ser mais um que se acrescentará ao complexo aeroviário da capital paulista, origem e destino de gigantesco tráfego, crescendo sempre e exigindo novas instalações aéreas para os seus milhares de viajantes.
Como se vê, não é fácil decidir sobre um aeroporto, principalmente se não temos ainda nem o terreno. O assunto é complexo, repito, e deve ser tratado com máximo de cuidado e máximo de tecnologia.
Diário do Comércio (SP) 6/8/2007