Lançada na Suécia por um ambientalista, que reuniu um grupo no Facebook, essa moda recebeu o nome de “plogging”, que mistura a palavra sueca “plocka” (recolher) e a inglesa “jogging” (correr) para definir a prática de caminhar ou correr coletando numa bolsa ou sacola o lixo que encontra pelo caminho: guimba de cigarro, garrafas plásticas, o que puder carregar.
Aliando assim a atividade física individual ao cuidado com o meio ambiente, a “corrida sustentável” ganhou popularidade ao ser divulgada pelo Instagram: em pouco tempo pessoas de vários países, sozinhas ou em grupos, começaram a postar fotos na internet usando as hashtags #plogging e #plogga. Hoje, há grupos que saem para praticar plogging regularmente não só na Europa, mas também em cidades da Colômbia, Índia e África do Sul. No Brasil, onde foi notícia o fato da torcida japonesa ter recolhido o lixo dos estádios durante a Copa do Mundo 2014, já aconteceram ações coletivas de plogging em Maresias (SP), Niterói (RJ) e na Grande São Paulo.
Aliás, nos anos 70, o exercício que virou febre mundial foi o criado pelo médico Kenneth Cooper, que se orgulhava de dizer: “minha maior conquista foi mostrar que o exercício físico é um excelente remédio”. Na época, antes das academias, “fazer cooper” passou a ser o “remédio” obrigatório para quem quisesse ter uma vida saudável.
Quanto à nova onda sueca, ela seria muito bem-vinda às nossas praias, que costumam servir de lixeira ao carioca, de quem se diz que é limpo por dentro e sujo por fora — a mesma exigente dona de casa que reclama da empregada por não varrer direito o chão leva o cachorro para fazer cocô na calçada ou na areia. Talvez seja a única metrópole que acha necessário colocar placas com o aviso redundante: “jogue o lixo no lixo”.
Só nas comemorações do Ano-Novo de 2018, fieis de Iemanjá e turistas deixaram nas areias de Copacabana 285,65 toneladas de lixo. Há dias, o Papa Francisco, que é um aguerrido defensor do meio ambiente, discursou no Vaticano pedindo “ações urgentes” para acabar com o que ele considera ser um dos principais problemas ambientais deste século: o lixo nos oceanos, principalmente o plástico.
Diante da constatação de que surtos de doenças como a dengue têm no acúmulo dos resíduos um estímulo à proliferação de mosquitos, a Comlurb e a Secretaria Municipal de Saúde se uniram para promover a “Menos lixo, mais saúde”, uma campanha de conscientização envolvendo limpeza e saúde pública.
Os serviços públicos estão fazendo sua parte. Cabe à população fazer a sua, transformando essa campanha em moda, como a que a Suécia nos mandou.