A impressão que dão os governos da América Latina é a de que estão perdidos num quarto escuro do qual não podem sair, por não encontrarem, no escuro, a porta que os libertará. Do México à Argentina, de um lado e, de outro, o Chile no sul do continente latino-americano, o que temos é não acertarem, com exceção, sem dúvida do citado Chile, com uma política econômico-financeira que corresponda às necessidades nacionais de cada país.
Governar não é fácil, ao contrário do que afirmou no início de seu governo o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. O fato de ser um scholar de renome e um universitário preparado, ao menos em teoria, para compreender os problemas de governo, não favoreceu, como era de se esperar, o Brasil com todos os seus problemas. Como resultado, temos os que o governo Lula não sabe enfrentar, salvo, com o auxílio do ex-banqueiro de descontos, Henrique Meirelles, os mais conhecidos e desconhecidos.
Não somos pessimistas, nem optamos, nos comentários, por uma visão fuliginosa dos problemas da nação, principalmente os econômico-financeiros, dos quais dependem os programas de saúde, bem-estar, alimentação e outros que afligem as classes menos favorecidas. O que nos impressiona, como já acentuava Rui Barbosa, é estar o governo em mãos de quem não sabe ordenar o rumo da nau do Estado, no sentido do interesse da nação.
Se desde Pero Vaz de Caminha tudo em se plantando dá ou, em palavras de nossos dias, tudo é possível obter de um país com as possibilidades do Brasil, está faltando quem o faça. É isso, é o que está faltando, inclusive na área do Mercosul, das relações não capituladas nesse organismo, e outras direções que devem ser tomadas para favorecer o povo de baixa renda, ou pós excluídos ou os esquecidos dos que foram por eles eleitos. Enfim, é preciso dinamizar o Estado, com quem possa fazê-lo.
Diário do Comércio (São Paulo) 07/01/2005