Igrejas, sinagogas e templos estão fechados, enquanto vivemos os tempos difíceis da pandemia. O Papa reza pelo futuro da humanidade, em cenários vazios e melancólicos. Não se tem a garantia de que o vírus vai embora. Ele pode voltar. O certo mesmo é que a solução salvadora está na vacina gestada em laboratórios científicos. Temos a convicção de que a ciência pode quase tudo. Será capaz de fazer milagres?
O escritor israelense Yuval Noah Harari, autor do clássico “Sapiens, uma breve história da humanidade”, publicado em 35 países, considera que os nossos super-heróis são os cientistas nos laboratórios. Eles vão acabar descobrindo tratamentos eficazes para a Covid-19. Disso resultará certamente uma vacina salvadora. É fato que isso vai acontecer, só não se tem a garantia de quando.
Precisamos investir mais esforços e recursos na proteção da vida humana. No caso do Brasil, tornou-se evidente que é indispensável construir mais hospitais em todo o país e formar mais médicos, enfermeiros e técnicos, distribuídos de forma equilibrada. Além disso, não podemos esperar que a crise se manifeste para andar atrás de respiradores, equipamentos de proteção e kits de teste. Por que a China tem o privilégio desse fornecimento?
Em plena pandemia, nas mais diferentes capitais, tivemos que reabrir hospitais. Por que foram fechados? Em muitos casos, houve a reabertura, mas sem condições operacionais (sem respiradores, por exemplo). Essa precariedade depõe contra o nosso planejamento e expõe a fragilidade humana.
Harari confia que, num futuro breve, será possível prolongar a vida humana por tempo indeterminado. Mas, hoje, devemos nos conformar com a nossa transitoriedade. O autor israelense, em artigo na “Folha de São Paulo”, afirma que, superada a atual crise, os orçamentos das escolas de medicina e dos sistemas de saúde vão crescer maciçamente: “Os governos deveriam concentrar seus esforços em erguer sistemas de saúde melhores.”
Com a experiência de ter pertencido durante alguns anos ao Conselho Nacional de Educação, posso afiançar que se deve olhar com mais atenção a formação de recursos humanos para a área biomédica. Não é o caso de adotar somente restrições severas. Quando vem a epidemia, por exemplo, com quem se conta? Chamar de Cuba nem sempre será a melhor solução.