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A chegada ao limite

 

"Limite" é um clássico da filmografia brasileira, trazendo à luz o nome de Mário Peixoto. Valorizou a cidade fluminense de Mangaratiba, que fica a pouco menos de duas horas do Centro do Rio de Janeiro.


Para a inauguração de mais uma Sala Popular de Cinema, com o nome de Limite-Mário Peixoto, fizemos uma agradável visita à região, com o registro de que ali não havia cinema há cerca de 30 anos. Parece impossível, mas é a dura realidade, como, aliás, acontece em algumas outras cidades do Rio de Janeiro. A Secretaria de Estado de Cultura está corrigindo esse elemento negativo da nossa cultura, instalando salas de DVD, para o que tem contado com o apoio da empresa Telemar. Logo atenderemos a cidades como Natividade, Varre-Sai, Porciúncula, São Pedro da Aldeia, etc, alcançando o total de 21 Salas Populares.


A idéia foi inspirada pela governadora Rosinha Garotinho. Durante a semana, a programação é gratuita, com filmes brasileiros, destinados a escolares das redes municipal e estadual. Nos fins de semana, as casas são abertas ao público em geral, ao preço simbólico de 1 real. Como temos feito as salas em regiões relativamente pobres, como se pode criticar o fato, considerando-o demagógico ou popularesco? Só mesmo muita má vontade para classificar dessa forma o que representa um esforço notável de inserção cultural. Há uma entusiástica receptividade à iniciativa.


Fator de justiça social


Ao falar em Mangaratiba, à frente do prefeito Aarão de Moura Brito, que goza de grande popularidade em sua cidade, chamei a atenção dos presentes para o que isso representa como fator de justiça social. Ele e a presidente da Fundação Mário Peixoto, Célia Vale Teixeira da Cunha, têm a mesma opinião, rejeitando de antemão quaisquer objeções que possam colocar a sugestão sob a ameaça de uma segunda intenção (política).


O primeiro filme exibido, a partir da inauguração, é claro que só poderia ser o "Limite". Os 120 espectadores acompanham a projeção com imenso interesse e não nos surpreenderíamos se alguns estivessem diante da tela pela primeira vez.


Outro aspecto que nos interessou foi a preocupação dos dirigentes do Centro Cultural com a formação de recursos humanos. O Centro de Memória Audiovisual, equipado com as máquinas da modernidade, tem três turnos de cursos para os jovens que, ao sair dali, têm a dupla opção: adquirem um título em nível intermediário ou podem acorrer aos vestibulares. Como cidade de intensa atividade turística, Mangaratiba apresenta uma boa diversidade profissional, enriquecida pela Biblioteca Municipal, que agora começa a valorizar o seu acervo.


Saímos orgulhosos da bela cidade. Ali, em governo passado, deixamos inaugurada a Escola Estadual Papa João Paulo II. Antevíamos, no início da década de 80, a grande figura humana em que viria a se transformar o Papa da Paz. E agora a Sala Popular de Cinema Limite-Mário Peixoto. Sem dúvida, duas bonitas realizações.


 


 


Jornal do Commercio (Rio de Janeiro) 25/04/2005

Jornal do Commercio (Rio de Janeiro), 25/04/2005