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Cenário reinaugural

 

Tudo não passou, como disse, com uma ponta de cinismo, o presidente da República, de uma gota d'água, e vai se arranjar, com o tempo. É o clássico dar tempo ao tempo. Não deixa de ter razão e os próceres do PFL, também, de sua parte, têm razão. Não podem viver longe do poder, e vão deixar passar o tufão Roseana, tufão que sempre tem nomes de mulheres para se acomodarem de maneira a serem e não serem adeptos de FHC, nestes últimos meses de seu governo.


No Brasil republicano foi sempre assim. No Império, havia dois partidos. O Partido Conservador foi eleito dez vezes, o Liberal, onze vezes, e um Ministério de Conciliação, presidido pelo Marquês de Paraná, completou o quadro, em que os dois partidos se revezaram no poder, uma vez criando uma crise, o famoso gabinete Zacarias, de 1868, que Mex Fleuiss acoimou de golpe, quendo não houve golpe, mas uma manobra do imperador para servir melhor o Estado.


Na primeira república, governou o famoso e sábio PRP, fora do qual não havia salvação. Foi preciso criar o Partido Democrático, em 1926, sob a presidência do conselheiro Antônio Prado, para que começasse a se desmanchar o mandonismo de tantos anos, desde Prudente de Moraes, no início do novo regime. Não havia partidos, mas dissidências, que, como se sabe, logo se acomodam, salvo quando há turrões, como teve o regime o famoso Jardim da Infância.


Agora, com Roseana, provavelmente futura Sua Majestade Republicana, o PFL teve de se acomodar, teve que procurar os meios de não perder, sem ganhar, ou não ganhar, sem perder, com as raposas que vieram do PSD, e têm de enfrentar um pai aguerrido, senador, en plus, apegado à filha, como todos os pais, e querendo que ela seja a primeira presidenta do Brasil, numa América Latina que já teve ao menos duas presidentas. Vamos ver o que acontece nesse novo cenário.


 


Jornal do Comércio (SP) em 12/03/2002

Jornal do Comércio (SP) em, 12/03/2002