Como era esperado, o polo de Resende, que abrange os municípios de Itatiaia e Porto Real, está bombando. Cresce a procura por uma riqueza tão importante quanto o pré-sal: recursos humanos qualificados. Como as nossas escolas, lamentavelmente, não estão dando conta do recado, as indústrias automotivas, têxteis, siderúrgicas e de cosméticos, entre outras, recorrem ao que é mais natural, nessas horas: mão de obra estrangeira.
Depois dos 600 técnicos chineses que ajudaram o polo de Itaguaí, agora é a vez de técnicos europeus, que fogem da crise econômica dos seus países, para tentar a vida nos trópicos. Por isso, na região, é tão comum a Babel dos vários idiomas ouvidos, com destaque para o inglês, o francês e o alemão. Se a ONU quiser fazer uma filial em Resende, não faltará mão de obra.
É possível sentir essa realidade através das pesquisas feitas pelo Centro de Integração Empresa-Escola e das conclusões do Congresso Corporativo, realizado na Firjan.
As oportunidades comerciais não estão sendo desprezadas, como primeira opção, mas o alvo principal costuma ser o setor secundário (indústria), onde se paga melhor. A Uerj tem um centro de expansão e inovação tecnológica, na região, onde desenvolverá, com o apoio da empresa MAN, três novos cursos de engenharia especializada.
Já levamos uma feia garfada, nos royalties do petróleo. Se não houver uma vigorosa reação, no que tange às profissões de nível intermediário, com a formação de quadros competentes, estaremos condenados ao atraso. Aliás, ninguém pretende construir esse edifício a partir do 5º andar. Tudo começa na maltratada educação infantil, onde nossas crianças não estão recebendo a formação adequada em termos cognitivos e não cognitivos, como sempre quis Piaget.
Vale ainda uma referência a aspectos colaterais desse processo, como pudemos verificar na distribuição das refeições escolares. São precárias, insuficientes, no momento em que os cérebros devem adquirir o seu peso normal — e isso provoca um déficit de neurônios e suas conexões que é praticamente impossível recuperar mais adiante. É bonito discursar a respeito da necessidade do aprendizado de outras línguas, de uma ação corajosa na apreensão de conhecimentos de tecnologia da informação, de nanotecnologia, mas, se falta a base, como se explicaria o milagre da competência?
O mundo desenvolvido faz novas exigências, na educação, e impele à formação adequada de talentos. Nos últimos dez anos, o peso da nossa economia no PIB mundial estacionou nos 2,9%. A índia alcançou os 5% e a China saltou de 7% para 13%, isso para ficar só nos Brics.
Quando chegará a nossa vez, com lastro numa educação renovada?