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Bolsonaro quer partido pra chamar de seu

 

O presidente Bolsonaro quer ser dono de um partido político para controlar os fundos partidário e eleitoral. E por isso tem dificuldade de conseguir quem o receba. Esse foi o problema que aconteceu com o PSL, que virou o maior partido da Câmara por causa da eleição dele, mas já tinha um dono – como todos os outros – e houve um desentendimento por causa do dinheiro.  O controle da verba é a base dos líderes partidários e é um dos problemas do sistema brasileiro. Criam-se partidos para controlar os fundos e ganhar dinheiro fácil.  A maioria dos partidos quer usar o dinheiro para seus interesses pessoais, não apenas os políticos E com o PP será a mesma coisa. Se o presidente se filiar, será o candidato natural do partido à presidência. Só que o PP não quer tê-lo como candidato formal, prefere que ele se filie a um partido menor para apoiá-lo numa coligação, e abandoná-lo no meio da campanha, se for necessário. Pode até perder a eleição com ele, mas fica livre para negociar com o vencedor depois. À medida que Bolsonaro perca a popularidade, o PP sai para apoiar Lula ou outro candidato que tenha possibilidade de vencer a eleição. O problema é que, quanto menor o partido, menos dinheiro tem para campanha. E o PP até faria uma campanha para Bolsonaro, mas tem interesses próprios regionais e muitos setores do partido, especialmente no Nordeste, apoiam Lula. Ele pode entrar num partido pequeno e se for bem sucedido, poderá montar sua base no novo partido. Não acredito que Bolsonaro não vá se candidatar, nem que não consiga um partido. Mas está difícil porque todos já têm dono.

O Globo, 28/07/2021