O presidente Bolsonaro está claramente a perigo, se sentindo acuado pelos relatos que estão surgindo na CPI da COVID. E está escalando mais uma vez a linha que ele domina, a de ameaça e do extremismo. E é o que ele quer. É capaz de fazer um ato extremo, como ameaçou hoje, só para criar uma motivação na sua turma mais radical e confrontar as instituições como o STF para testar a sua força popular. É um movimento perigoso porque, estando acuando, é capaz de transpor a linha do legal. Por mais que o Exército queira se distanciar dele, Bolsonaro volta a falar em “meu Exército” e chama os militares para a confrontação. Pode ser só uma bazófia, mas pode perfeitamente se transformar em realidade diante dos fatos, que estão sempre contra ele nos últimos tempos. Com essas bravatas, é possível acelerar um processo de impeachment, que está latente na CPI. No momento, está protegido pela pandemia, que impede as pessoas de ir para a rua. Mas neste ritmo, provoca ações de seus seguidores e dos contrários. E se isso acontecer, as instituições terão que funcionar, inclusive o Exército, que terá de dizer se está do lado da democracia ou de um presidente claramente desequilibrado, que tenta fazer tudo para criar um ambiente político que facilite o autoritarismo. A sorte é que, aparentemente, ele é minoria. A questão é saber se ele irá até o final, se vai testar nas ruas.