Tempo houve em que um cronista sem assunto era mais ou menos obrigatório, foi talvez a era de ouro do gênero. O cara abria a janela, olhava o mundo e a vida, sentava à máquina e escrevia sobre o nada, a falta de assunto. Eram mestres nessa nobilíssima arte. Hoje, com a inflação de assuntos, as crônicas já não se fazem como antigamente.
A introdução não é para lavar a vil testada do autor destas mal traçadas. Na verdade, fica difícil escolher um assunto quando a área está embolada, todo mundo chutando todo mundo, nem se sabe onde está a bola, nem mesmo se há bola
Torço pelo Brasil, avante companheiros, ao tremular do nosso pendão, que, com o perdão da palavra, foi bravamente defendido pelo Glauber Rocha, há tempos,
Se vivo fosse, Glauber clamaria mais uma vez contra o conflito entre pobres e ricos, dando como exemplo mais recente a vitória de Lula sobre Alckmin. Mais da metade do povo brasileiro vive na pobreza e não tomou conhecimento da corrupção do governo Lula, de suas falhas administrativas e éticas.
Folha de S. Paulo (SP) 30/10/2006