Lula quer 'foder' o Moro. E quer nomear para o Supremo Tribunal Federal (STF) seu advogado privado, que conseguiu tornar suspeito o juiz que o condenou. Vive assombrado pelo passado, que tem mais peso para ele no momento que o futuro.
Erisível o malabarismo que a imprensa petista vem fazendo para tentar explicar a fala irresponsável dele sugerindo uma armação da Polícia Federal para favorecer o senador Sergio Moro no inquérito que investiga atrama de uma facção criminosa contra funcionários do Judiciário brasileiro.
As mais aloucadas teorias conspiratórias surgem para tentar mudar o rumo da história, enquanto o verdadeiro problema é deixado de lado: a grave ameaça do crime organizado contra o Estado brasileiro.
Ao minimizar a existência de tal complô, com a intenção de não valorizar o atuação de Moro no combate à corrupção e ao crime organizado, a esquerda deixa de lado a segurança nacional para proteger a segurança pessoal de Lula, que já não pode ser deixado sozinho para seus improvisos. Sugerem que terceirize o embate com Moro e Bolsonaro, uma maneira de blindá-lo.
Outra tentativa de desmoralizar o ex-juiz Moro é taxá-lo de direitista. Ora, alguém tem dúvida disso? Se tinha, quando Moro apareceu na campanha presidencial ao lado de Bolsonaro como seu assessor num debate, depois de tê-lo acusado de tentar interferir na Polícia Federal para salvar seus filhos e apaniguados, já era possível constatar que preferia Bolsonaro a Lula. Ajudou, assim, a alimentar a narrativa de que Lula era um inocente que perseguia por questões políticas.
Embora Lula não tenha sido inocentado por nenhum outro juiz, suas condenações foram anuladas por questões técnicas ou prescreveram. Porém, a esta altura, a narrativa de que Lula cometeu atos de corrupção é uma verdade para grande número de eleitores, que o rejeitaram nas urnas. Atacar Moro por ser de direita é a mesma coisa que atacar Lula por ser de esquerda.
- É bom que os petistas não esqueçam que, por mais extravagante que pareça, boa parte dos brasileiros teme que Lula nos leve a um governo comunista. Uma reunião de Moro em Buenos Aires -com líderes da direita latino-americana, como os ex-presidentes Mauricio Macri (Argentina), Felipe Calderón (México), Jorge Quiroga (Bolívia), a deputada espanhola Cayetana Alvarez de Toledo, além de Juliana Awada e Gerardo Bongiovanni - foi publicada por sites petistas como uma prova de que Moro é um extremista de direita.
Difícil classificar a maioria desses dirigentes de 'extremistas', mas é fácil classificar de extrema esquerda alguns ditadores com quem Lula costuma posar, como Daniel Ortega, da Nicarágua, Nicolás Maduro, da Venezuela, ou Miguel Diaz-Canel, de Cuba. Agindo assim, a imprensa esquerdista que não tem pudor em apoiar qualquer atitude de Lula, mesmo quando erra (erra?), está apenas criando espaço para que Moro volte a ser um candidato potencial da direita brasileira, que hoje não se constrange em se identificar com essa tendência política.
Esquecer que Lula e o PT não têm mais a hegemonia política, e que precisam, tanto no Congresso quanto na opinião pública, do apoio do centro político para governar e vencer a direita, é erro grosseiro. Chico Buarque, que não pode ser acusado de ser antipetista, disse certa vez que o governo deveria ter um ministro do 'vai dar merda'. Toda vez que o governo inventasse uma 'genialidade', esse ministro advertiria. Seria uma versão moderna do servo que seguia junto aos imperadores romanos lembrando-os de que eram mortais, mesmo depois de vitórias apoteóticas -não foi o caso em 2022.
Lula precisa de quem o proteja de si mesmo, da certeza de que é infalível, de quem tenha condição de discordar dele. Ao que parece, já não há Paloccis ou Dirceus no Palácio do Planalto. Há Paulo Coelho no Twitter. Será ouvido? Todo 'salvador da pátria' está convencido de que tem a solução para todas as questões. Bolsonaro demitia os que se atreviam a contestá-lo, até que o silêncio fosse total. Lula não precisa demitir ninguém, pois quem ousa contestá-lo?
Presidente precisa de quem o proteja de si mesmo, da certeza de que é infalível, de quem tenha condição de discordar dele.